490 anos da Reforma Protestante!

Daqui a dez anos, o mundo celebrará o quinto centenário do início da Reforma Protestante, desencadeada a partir da ação de Martim Lutero (1483 – 1546) ao pregar na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, suas 95 teses contra a venda de indulgências.
Saiba mais lendo a entrevista dada pelo Pastor Presidente da IECLB, Dr. Walter Altmann.

Walter Altmann: Lutero e a liberdade do cristão nos 490 anos da Reforma
 
Nesses quase cinco séculos, a imagem de Lutero já foi pintada das mais diferentes formas. Dependendo do ângulo do observador, ele tanto pode ser “um dos pais do espírito emancipatório moderno” como “uma catástrofe na história da civilização ocidental”; “o pai na fé para a cristandade”, ou o “javali selvagem” que destruía as videiras plantadas pela Igreja, como definiu o papa Leão X, que o excomungou em 1521.
 
Criar uma nova denominação não estava entre os planos do monge, professor, teólogo e escritor de produção impressionante, cuja obra compilada já ultrapassou 100 tomos na edição alemã, ainda incompleta. “A rigor ele propugnava pela renovação da Igreja, de acordo com parâmetros originais bíblicos, mas, contrariamente à sua vontade, surgiu uma Igreja Luterana”, diz o pastor Walter Altmann.
 
Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), gaúcho, 63 anos, doutor em Teologia pela Universidade de Hamburgo, Alemanha, Altmann já publicou vários livros e estudos sobre a vida e a doutrina do reformador. Um deles, Lutero e libertação (co-edição Ática/Sinodal, 1994), é referência no tema entre os títulos latino-americanos. Com longa trajetória no movimento ecumênico, o pastor é o atual moderador (cargo equivalente a presidente) do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Fundado em 1948, o CMI reúne mais de 340 igrejas em cerca de 120 países, incluindo a grande maioria das ortodoxas e muitas das protestantes históricas, além de comunidades independentes.
 
Nesta entrevista, concedida na sede do Sínodo Sudeste da IECLB, em São Paulo, Walter Altmann fala sobre o legado de Lutero nos 490 anos da Reforma, afirma que a religião não pode ser usada como justificativa para guerras e defende que, no cenário religioso atual, marcado pela fragmentação e pela concorrência, é preciso aceitar a pluralidade entre as diferentes crenças, procurando “o diálogo e a cooperação em respeito mútuo”. Adverte, porém, que o centro da mensagem de Lutero sobre a salvação – é por graça, ou seja, “não poderia ser adquirida por conquista ou mérito nosso, e tampouco comprada” – está sendo desvirtuado por “propostas que tentam de certo modo comercializar ou quantificar as bênçãos divinas”.

Entrevista a Paulo Hebmüller
 
Jornalista – São Paulo
 
pauloeh@uol.com.br
 
Na próxima coluna a entrevista.

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