A Comunhão de Pensamentos

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(…)

“Comunhão de pensamentos! compreende-se bem toda a importância desta palavra? É permitido disso duvidar, pelo menos da parte da maioria. O Espiritismo, que nos explica tantas coisas pelas leis que revela, vem agora nos explicar a causa, os efeitos e a força dessa situação do espírito.”

“Comunhão de pensamentos, quer dizer pensamento comum, unidade de intenções, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento não seja uma força; mas é uma força puramente moral e abstrata? Não; de outro modo não se explicariam certos efeitos do pensamento, e ainda menos da comunhão de pensamentos. Para compreendê-lo é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-lo ensina.”

“O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria; sem o pensamento o espírito não seria espírito. A vontade não é um atributo especial do espírito; está aí o pensamento chegado a um certo grau de energia; está aí o pensamento convertido em força motriz. É pela vontade que o espírito imprime, aos membros e ao corpo, os movimentos num sentido determinado. Mas se ele tem a força de  agir sobre os órgãos materiais, o quanto essa força deve ser maior sobre os elementos fluídicos que nos cercam! O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos nos levam o pensamento, como o ar nos leva o som.

“Pode-se,pois, dizer com toda a verdade que há, nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros.”

“Uma assembléia é um foco de onde se irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. Disso resulta uma multidão de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música, cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido do ouvido.”

“Mas, do mesmo modo que há raios sonoros harmônicos ou discordantes, há também pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmônico a impressão é agradável; se é discordante, a impressão é penosa. Ora, para isso, não há necessidade de que o pensamento seja formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos, quer seja ela expressada ou não; se todos são benevolentes, todos os assistentes deles sentem um verdadeiro bem-estar; sentem-se comodamente; mas se a eles se misturam alguns pensamentos maus, produzem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio lépido.”

“Tal é a causa do sentimento de satisfação que se sente numa reunião simpática; ali reina como uma atmosfera moral saudável, onde se respira comodamente; dali se sai reconfortado, porque se está impregnado de correntes fluídicas salutares. Assim se explicam também a ansiedade, o mal-estar que se sente num meio antipático, onde os pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.”

“A comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia fazer compreender. O homem o sente instintivamente, uma vez que procura as reuniões onde sabe encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças morais; poder-se-ia dizer que ali recupera as perdas fluídicas que tem cada dia pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material. Essas considerações, senhores e caros irmãos, parecem nos afastar do objetivo principal de nossa reunião, e, no entanto, a ele nos conduz diretamente. As reuniões que têm por objeto a comemoração dos mortos repousam sobre a comunhão de pensamentos; para compreender-lhe a utilidade, é necessário bem definir a natureza e os efeitos dessa comunhão.”

(…)

“Aos efeitos que acabo de descrever, a respeito da comunhão de pensamentos, juntando- lhe um outro que lhe é a conseqüência natural, e que importa não perder de vista, é a força que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto dos pensamentos ou vontades reunidas. Sendo a vontade uma força ativa, essa força é multiplicada pelo número das vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número dos braços. Estabelecido este ponto, concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos, há, numa reunião em que reina uma perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva que não possui sempre um indivíduo isolado.”

“Se, até o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela dificuldade de se obter uma homogeneidade perfeita de pensamentos, o que se prende à imperfeição da natureza humana sobre a Terra. Quanto mais as reuniões são numerosas, mais nelas se misturam elementos heterogêneos que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como os grãos de areia numa engrenagem. Isso não é assim nos mundos mais avançados, e esse estado de coisas mudará sobre a Terra, à medida que os homens nela se tornarem melhores.”

“Para os Espíritas, a comunhão de pensamentos tem um resultado mais especial ainda. Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem; O Espiritismo nos prova que não é menor dos homens aos Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem como objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos; também vemos que a tática destes últimos é levar à divisão e ao isolamento. Só, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, segundo o axioma: A união faz a força, axioma verdadeiro tanto quanto ao moral como ao físico.”

(…)

“Todas as reuniões religiosas, qualquer que seja oculto a que pertençam, são fundadas sobre a comunhão de pensamentos; está aí um efeito que deve e pode exercer todo o seu poder, porque o objetivo deve ser o desligamento do pensamento dos constrangimentos da matéria. Infelizmente a maioria se desviou deste princípio, à medida que fez da religião uma questão de forma. Disso resultou que cada um fazendo consistir seu dever no cumprimento da forma, acreditou-se quite com Deus e com os homens, quando praticou uma fórmula. Disso resulta ainda que cada um vai nesses lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta, e, o mais frequentemente, sem nenhum sentimento de confraternização com respeito aos outros assistentes; está isolado no meio da multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo.

“Certamente, não era assim que o entendia Jesus, quando disse: Quando vários de vós estiverdes reunidos em meu nome, estarei no meio de vós. Reunidos em meu nome, quer dizer, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunidos em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, a sua doutrina; ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, em palavras e em ações.”

(…)

“Graças ao Espiritismo, compreendemos a força e os efeitos do pensamento coletivo; nós explicamos melhor o sentimento de bem-estar que se sente num meio homogêneo e simpático; mas sabemos igualmente que ocorre o mesmo com os Espíritos, porque eles também recebem os eflúvios de todos os pensamentos benevolentes que se elevam a eles, como uma fumaça de perfume. Aqueles que são felizes sentem uma alegria maior desse concerto harmonioso; aqueles que sofrem dele sentem um alívio maior. Cada um de nós em particular ora de preferência por aqueles que o interessam ou que se afeiçoam mais; façamos com que todos aqui tenham sua parte nas preces que dirigimos a Deus. “

 

Trechos extraídos da Revista Espírita

Jornal de Estudos Psicológicos

Allan Kardec

Número 12  Dezembro de 1864

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