A derrota da liberdade de expressão

Recentemente Hugo Chávez, que em nada lembra o personagem infantil que tanto animou minha infância, decidiu não renovar a licença do canal venezuelano RCTV. Segundo ele, o canal seguia uma linha editorial de oposição ao seu governo e teria apoiado uma fracassada tentativa de golpe em abril de 2002.

O colunista do globoesporte.com, Gustavo Poli, escreveu a alguns dias nesse mesmo site “Contra minha vontade, fui forçado a voltar com a pré-moderação dos comentários. Alguns leitores passaram a usar a ferramenta para trocar ofensas e provocações que pouco ou nada tinham a ver com a coluna. Essa moderação toma tempo e engessa o blog – mas não há alternativa. Comentários com palavrões serão amplamente ignorados. Críticas são bem-vindas. Ofensas não. Lamento a decisão, mas… não houve apelo à razão que desse jeito”.

Bom, pelo visto uma pessoa não pode ter mais uma opinião contrária à maioria, ou a um determinado segmento da sociedade. Por que a maior parte dos brasileiros elegeu o presidente Lula, eu não posso vê-lo como uma pessoa sem o mínimo preparo para governar esse país? Claro que sim, muitos vão discordar? Sem dúvida, mas é justamente por isso que vivemos teoricamente em um país livre.

O Brasil vive hoje um momento delicado, as pessoas estão em ebulição, basta um fato novo e tenho medo de imaginar o que podemos estar vivendo nos próximos anos. Tudo é motivo para brigas, discussões, ameaças.

Nos últimos dias, a derrota do Grêmio para o Boca Juniors, foi motivo de muita gozação por parte dos colorados, isso é normal, assim como os Gremistas hoje, terão a sua vez, já que ontem não tomaram conhecimento do Inter, em pleno Beira-Rio e arrancaram os três pontos mais fáceis dos últimos anos, do clássico. A gozação faz parte, ameaças não.

O colunista que escrevia sobre o Inter aqui no Portal, fazendo o papel que lhe cabe, resolveu escrever sobre a vitória esmagadora do Boca Juniors, frente ao Grêmio, uma derrota maiúscula, que não deixou dúvida, o tricolor da Azenha, não tinha time para ser Tri da América. Isso é fato. Na coluna, ele se esbaldava com a derrota do tricolor, o que é normal, faz parte da maior rivalidade entre dois clubes nesse país, o clássico GRE-NAL.

O que não faz parte, foi o que aconteceu após, dezenas e dezenas de comentários maldosos, surgiram no Portal, mas tudo bem, outras dezenas de mensagens no Orkut pessoal do colunista, até aí, passa. Mas o que me indignou foi o fato a seguir, mensagens para o celular desse colunista, ameaçando sua integridade.

Mas o que é isso, onde chegamos? Sou Gremista como poucos, mas não sou hipócrita, torci sim pelo São Paulo, na final da Libertadores da América, do ano passado, sequei muito o jogo do Barcelona, assim como a grande maioria dos Gremistas o fez, não venham com essa história de dizer que colorado veste todas as camisas, dos adversários do Grêmio, e Gremistas não o fazem, sejam corajosos e assumam, isso faz parte da rivalidade, não é feio, pelo contrário, é isto que impulsiona ambos os clubes, não fosse isso e talvez hoje, seriam times medianos, sem força alguma.

O torcedor do Inter, torce que o Grêmio não conquiste títulos, o Gremista não quer o colorado vença, essa é realidade, ambos são Campeões do Mundo, alguns colorados intitulam ser superiores pois são campeões FIFA, e aí, qual a vantagem? O Corinthians também é, e nunca conquistou uma libertadores. Gozação normal, de um torcedor que até pouco tempo convivia com a chacota Gremista, por nunca ter conquistado um título Internacional.

Os dois clubes já conquistaram o que de melhor há no futebol, são times que servem de modelos, mas que terão que agir para coibir suas torcidas.

Ontem, no Beira-Rio, apenas dois mil Gremistas viram a vitória do tricolor, mas mesmo assim, as autoridades armaram um aparato de guerra, o futebol está perdendo a graça, a vida está virando uma selvageria, e nós, os babacas que seguimos a letra, sem nada fazer. Basta a estas barbáries, chega de tanta injustiça, tenho medo do futuro desse país, a história mundial nos leva a cenários parecidos e o final para o povo de bem, não foi dos melhores.

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