A espada de Dâmocles – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de OliveiraDâmocles era um cortezão bajulador da corte de Dionísio I de Siracusa, no século IV a.C. Sabendo da inveja do súdito, ofereceu-lhe ser rei por um dia. Dâmocles adorou ser servido como um rei, com todas as mordomias. Ao término do período, Dionísio apontou para o alto onde uma espada pendia sustentada por um fio de crina de cavalo. Apontava a cabeça de Dâmocles que, imediatamente, perdeu toda a euforia.

A espada de Dâmocles é assim uma alusão usada para representar a insegurança daqueles que tem grande poder, mas podem perdê-lo de repente devido a uma contingência.

A presidente Dilma que já surfou altíssimos índices de popularidade, hoje, pode lembrar Dâmocles.

Premida entre dois fogos, de um lado a difícil situação da economia brasileira e pouco cabedal político, custodiada pelo ministro Joaquim Levy planeja contenção de despesas, incluindo cortes de verbas destinadas a programas sociais e legislação trabalhista. Aumento de arrecadação via criação de novos impostos completariam o quadro que permitiria equilíbrio orçamentário. O rebaixamento no rating da agência Standard & Poor’S elevou o risco de, inclusive, declaração de impeachment.

Na outra ponta os sindicatos, movimentos sociais e políticos da linha dura do PT, liderados pelo ex-presidente Lula opõem-se de maneira peremptória. Lula, em Buenos Aires, disse que o corte da nota brasileira pela S&P “não significa nada” e “a gente tem que fazer o que a gente quer”. (sic)
Resta-nos uma pergunta:

Se não contivermos os gastos, mesmo em programas sociais que são a menina dos olhos do governo e do PT, aumentarmos a arrecadação via impostos para equilibrar o orçamento, qual será o destino do Brasil? O CAOS?

Realmente, o fio que sustém a espada está esgarçado até o limite da resistência.

Durante os últimos anos uma política desenvolvimentista levada às últimas consequências, os estapafúrdios casos de corrupção, a distribuição de benesses a afins e cooptados nos conduziu a esse beco. Haverá saída?  Só com muito sacrifício, compreensão dos eternos atingidos, a população honesta e ordeira e paciência, muita paciência, pois demandará tempo prolongado… anos. Se a inflação, tida e havida como invencível foi debelada, a situação atual também poderá sê-lo.
Resta aguardar para ver se os inconsequentes – aparentemente aliados, só aparentemente – e os que torcem pelo pior, os pescadores de águas turvas, os opositores também inconsequentes, permitirão.

Se, para nossa desgraça, esses vencerem o cabo-de-guerra política tresloucada, só nos restará rezar para Santa Bárbara, a “protetora contra relâmpagos e tempestades”.
Parece que as lições do passado não surtiram efeito. A reforma ministerial se restringiu a uma “troca de cadeiras” com praticamente os mesmos personagens, mais do que já era muito para o PMDB, volta ao proscênio do nunca ausente Lula, o desinflar da intenção dum ajuste fiscal indispensável e o esfriamento do Ministro Levy. Se assim se confirmar, repito, oremos para Santa Bárbara.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no final de agosto, através do seu Conselho Permanente emitiu uma nota ao povo brasileiro, intitulada “A favor do Brasil”. Diante da atual crise do país exige-se uma atitude de responsabilidade por parte de todos os poderes públicos, nas várias instâncias e da sociedade civil organizada. Espera-se que todas as medidas, tanto da situação como da oposição, do poder econômico e financeiro, visem o bem comum da nação e não o poder de indivíduos ou corporações.

A ESPADA DE DÂMOCLES

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

Comentários

Comentários