A independência do Brasil – Erner Machado

Erner Machado

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Neste domingo chuvoso, não há como não se lembrar de que, amanhã, se comemora a nossa Independência, da Corte de Portugal, acontecida em um distante sete de setembro de 1822.

E me lembro que na minha cidade quando, a partir do dia primeiro de setembro, até ao final do dia 07 eu, como centenas de jovens estudantes ginasiais, e de escolas de primeiro grau, prestávamos guarda à Bandeira, festivamente hasteada no ponto mais importante da Praça Borges de Medeiros, em Rosário do Sul, e, o dia 07 com nosso uniforme cáqui, camisa branca, gravata e sapatos pretos desfilávamos pela Principal rua da cidade.

O desfile era aberto pelo fulgurante 4º Regimento de Cavalaria Motorizado, seguido dos CTGs Passo do Rosário, Querência do General Abreu, escolas municipais de primeiro grau, Ginásio Plácido de Castro e sua famosa banda, sendo encerrado pela Briosa Brigada Militar…

Eram os anos 60, era Rosário do Sul, era a minha fronteira e eu tinha treze anos…

Este sete de setembro de 2020 me pega morando em Capão Novo, local que escolhi, já aposentado, para trabalhar em novas frentes, faz tempo ruim, estamos em plena pandemia de Corona Vírus e eu tenho 73 anos…. É natural que, então, eu tenha uma nova visão do 07 de setembro, nesses novos tempos.

E, nesta visão, realista de agora, constato, com tristeza, que o meu Povo e o meu Pais, não estão libertos, ainda…

Para fundamentar esta afirmativa me permito dizer aos meus sete ou oito leitores que:

Estamos presos a uma classe política maldita e dominante que, na sua maioria ocupa os parlamentos, os executivos e os legislativos municipais, estaduais e federais que, mesmo se apresentando com ideários diferentes, tem em comum, secularmente, a pratica de ocupar o poder para defender os interesses pessoais de seus dirigentes e de seus apoiadores, sem qualquer preocupação com os bens maiores do País e do povo que, por ser maldita, esta classe política desconsidera cínica e impunemente.

É claro que nesta classe maldita e dominante tem honrosas exceções, mas que não tem força suficiente para modificar os procedimentos da maioria que se impõe, sempre!

Essa Classe política maldita e dominante ocupa, aparelha e destrói as instituições nacionais com a finalidade de produzir o caos e se apresentar, paradoxalmente, como salvadores da Pátria…

Esta classe política maldita e dominante faz, isto, há 520 anos desavergonhada e impunemente.

Estamos presos a grilhões de ignorância, em todo o território nacional e, segundo dados de 2019 apresentamos 11 milhões de pessoas que não sabem ler ou escrever.

Esta realidade se avoluma quando, segundo, os mesmos dados, descobre-se que 3 entre 10 brasileiros de 14 a 64 anos é Analfabeto Funcional, ou seja, tem dificuldades de expressão através de números e letras… esse universo de analfabetos funcionais chega a 38 milhões de pessoas, além dos 11 milhões citados antes, como analfabetos totais.

Além disto, temos 2,8 milhões de crianças e adolescentes que estão fora do ambiente escolar, resultando, na linha tempo um constante aumento da ignorância nacional.

Segundo o Ranking do Saneamento básico de 2020, trinta e cinco milhões de brasileiros não se utiliza de agua tratada e quase 100 milhões de brasileiros não em acesso a coleta domestica de esgoto.

Em cada cidade do Brasil, da menor à maior, temos cinturões de miséria onde nossos irmãos, vivem em aglomerações urbanas e invasões irregulares, sem quaisquer condições de habitabilidade, sem alimentação regular, sem escola, sem segurança, sem assistência médica e sem que tenham um trabalho que os encaminhe para a cidadania e para uma vida minimamente digna.

Neste ambiente, se estabelece a prostituição infantil, que resulta em meninas com menos de 14 anos, já comprometidas com a maternidade cujos filhos, de ninguém serão jogados na vida…

Neste ambiente, meninos e meninas, se entregam aos vícios do álcool e da droga e descambam, junto com suas famílias para o crime, de toda a ordem, onde sobressai o tráfico de entorpecentes, incontrolável no território nacional.

Neste ambiente o tráfico alicia meninos e meninas em tenra idade para servirem aos seus propósitos e que, quando crescem, farão parte das vítimas de mortes por arma de fogo que, em estatística, recente nos informa que chegam ao redor de 65.000 por ano

Nas capitais mais populosas estamos vivendo uma guerra civil, na qual quadrilhas de criminosos, para defender ou expandir seus territórios travam combates com armas poderosas, as quais o nosso frágil Exercito Nacional, não sonha ter. E, nestes combates, se matam entre si e matam inocentes que moram nas cercanias deste cenário de guerra.

Diante destas realidades expostas, é impossível se comemorar o dia 7 de setembro como o dia de nossa independência e fico pensando como foi possível que um dia eu pudesse ter comemorado…

Para me redimir eu lembro que quando eu fiz isto, eu estudava no Plácido de Castro, aprendia análise sintática nos Lusíadas de Camões, tinha treze anos e cheio de ideias tinha o sonho de ser advogado e defender a liberdade, a justiça e o direito.

E, além disto, morava na fronteira que é a geografia dos poetas e dos sonhadores…

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