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Quem transita na Doutrina Espírita certamente conhece os benefícios que, a partir dos trabalhos de Allan Kardec, guiado pelos Espíritos Superiores, a mesma tem trazido aos seus postulantes.
Não só aos que a conhecem, posto que quem dela se beneficia, acaba beneficiando aos que os cercam.
Lendo as cinco obras básicas da Doutrina (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese) uma das primeiras impressões que nos chega é a da organização.
Feita numa linguagem acessível, as obras trazem como característica básica, conforme o assunto, seqüenciamento lógico, cronológico e histórico, e organização em capítulos e itens, que facilitam referências e consultas.
Kardec, em sua trajetória pela Terra, teve formação docente, com o já conhecido professor Pestalozzi. Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina. Lingüista insigne conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.
Sua formação e caráter fizeram dele um cidadão emérito, cientista e professor renomado mesmo antes de este entrar em contato com os fenômenos espíritas.
Esse caráter do cientista cunhou o caráter da Doutrina Espírita.
Com agudo sendo crítico, não cria em nada que não pudesse entender e não repudiava o que não conhecia.
Sua formação de cientista, seus métodos de investigação, que na época não contavam com técnicas que hoje nos são banais, eram irretocáveis.
A sistematização do seu trabalho nos dá dos maiores exemplos no campo da administração.
Administrava a sua vida, seu trabalho e suas pesquisas de tal forma que podemos disto tirar, além do produto em si, exemplos de como se podem organizar atividades de forma produtiva, começando pelos mais elementares métodos.
Sua preocupação em registrar tudo por escrito, com todas as referências que fossem possíveis, numerando itens, capítulos, datas dos fatos e dando uma forma final de cunho didático, são hoje heranças que têm beneficiado gerações.
Pecamos nós ainda, mesmo egressos de faculdades de administração, por não começar a organizar nossas vidas por esses mais elementares passos.
No campo dos projetos, Kardec primava por observar horários, tempo de estudo e pesquisa, e prazos para execução das tarefas, tornando-os consistentes e eficientes, conseguindo conciliar sua vida pessoal e profissional.
Podemos atribuir a muitos dos nossos dissabores na vida à falta de organização. Adiar decisões, deixar de priorizar providências ou simplesmente “não pensar no futuro”, ainda que em curto prazo, nos coloca à mercê dos problemas.
Pelo fato de termos o livre arbítrio dado por Deus, temos por conseqüência a responsabilidade de administrá-lo.
Os rumos de nossas vidas estão em princípio à nossa mercê, mas quando os relegamos ao segundo plano, outras forças não tão benevolentes podem tentar influenciá-los.
Buscar essa disciplina interior, procurando organizar aspectos da nossa existência, somará certeza e tranquilidade na busca e execução de objetivos.
Uma das mensagens implícitas que podemos extrair da Doutrina Espírita é: “busca organizar-te interiormente, e enxergarás mais facilmente a luz que a todos está reservada”.
