A última coluna que escrevo – Sergio Agra

A última coluna que escrevo - Sergio Agra
Sergio Agra

Deu pra maldizer o que ele de mim ouviu
Tentar sujar o meu nome, me humilhar
E se vingar a qualquer preço…*

Não tenho receio em pôr a cara à tapa. Sou um sujeito franco, e o Rogério Bernardes sabe disso, pois deixei bem claro em algumas frases de minha crônica de reestreia em seu dinâmico, moderno e dono de um lay outde fino gosto, Litoralmania (www.litoralmania.com.br),”O Bom Filho à Casa Torna”, postada no dia 8 último: – “De agosto de 2007 a abril de 2015 a generosidade de Rogério Bernardes, concedeu espaço para que “Notas Dissonantes” … – Nesses últimos quatro anos transitei por dois dos jornais impressos em Capão da Canoa. O compromisso, diria, tornara-se mais distendido: uma crônica por semana. Forcei-me então a sintetizar e a tornar mais dinâmica a leitura, observando os limites do espaço de uma coluna de jornal…”.

Na edição desta quinta-feira, 21, o jornal A Folha do Litoral publicou meu último texto na coluna onde durante dezoito meses ESTIVE titular do canto direito da página 6. A crônica “Os Inesquecíveis Craques e o Melhor Colunista do Jornal”, que ora transcrevo, diz tudo.

“Falcão, Figueroa, Carpegiani, Valdomiro, Fernandão e D’Alessandro. Eu, que sou Imortal Tricolor, não apenas os recordo – maiores expoentes das últimas quatro décadas – os assisti defendendo o Sport Club Internacional.

O que direi, então, do Grêmio, meu time de coração? Mazzaropi, Arce, Ancheta (tecnicamente superior a Figueroa), Renato Portaluppi (ídolo maior), Emerson, Danrley, Roger, e mais recentemente, Geromel, Kanemman, Wallace, Maicon, Douglas, Marcelo Grohe, Pedro Rocha, Edilson, Luan, Everton, Ramiro tantos outros que o Grêmio soube buscar no mercado, sobretudo peneirar em suas próprias categorias de base. Muitos destes já foram ou, em futuro bem próximo, serão vendidos a peso de EUROS para equipes/empresas europeias e asiáticas. Até a metade de 2019, assim como Everton, outros, como Pepê e Luan – a exemplo do cometa com luz própria, Arthur, que por breves momentos nos encantou com sua magia – brilharão nos palcos onde todo o atleta diferenciado sonha estar: a Liga Europeia.

Os craques – sobretudo Arthur, que por um tempo mínimo, tal cometa que riscou o céu tricolor marchetado de estrelas – levaram os torcedores que efetivamente os assistiram à catarse (designa o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma como medo, opressão ou outra perturbação psíquica, utilizada em vários contextos, como ao final de uma peça dramática ou de uma tragédia grega), no caso o futebol arte desempenhado por esses jogadores. Esses profissionais foram vistos, ovacionados, apupados em poucos jogos onde aconteceram alguns “acidentes de percurso”, porém, respeitados, valorizados e pagos! E MUITO BEM PAGOS! Assim, depois que eles se forem, há de ficar, como já acontece, o sentimento de perda, o vazio, o lamento, “por que ele nos deixou?”, até que após muito, muito tempo uma peça de reposição com idênticas qualificações os substitua. Difícil? Sim, muito! E leva tempo!

Ponto. Nova linha. Parágrafo.

Imaginemos, agora, o melhor semanário desta comunidade de Capão da Canoa: “A Folha do Litoral”. Durante o tempo em que estive colunista, a cada artigo escrito propus-me auto desafiar, escrevendo (vocês existem como leitores, ou “leem” apenas os retratinhos das figurinhas da coluna social?) com arte, estilo e donaire os meus textos para receber através de e-mail tão somente sete comentários. Elegantes alguns, desairosos outros poucos, porém, corajosos e que tiraram a quem assim se manifestou da sua zona de conforto.

Por outro lado, essa mesma coragem (ou civilidade?) faltou a quem costumeira e habitualmente me ligava (perguntando se eu compareceria ao programa Ponto de Vista) e que por uma infinitesimal urbanidade, poderia, pelo mesmo telefone, me desobrigar da afronta de dar de cara num prédio que fora abandonado e convertendo-me num descartável desinformado do novo endereço.

Se o articulista desativar o computador, a sensação de vazio, o sentimento de perda (temporária, uma semana no máximo, eu tenho quase a certeza!) será apenas do espaço da página em que ele escrevia, pois para quem jamais cultivou o saudável hábito da leitura e do inteligente contraditório há de soar como se nada, naquele canto de página, algum dia contivesse uma radiosa luz de ensinamentos; de provocações que o levasse a raciocinar; do bom e do mau humor do melhor cronista que o jornal até então presenteara seus pressupostos leitores.

Outros hão de vir? Claro que sim! E, se melhores, duvido que graciosamente! A responsabilidade e o encargo para reverter o desaire ficarão por conta da produtora e do âncora daquele programa radiofônico – ele, neste momento, há de estar me maldizendo em sua versão personalista sem que eu tenha o direito de resposta. Como diria aquele raposão e ex-deputado federal, eu também estou pouco me lixando para o “ponto de vista” do apresentador.

Ah, em tempo: só viajo em avião de carreira. Jatinho e helicóptero, nunca!

Logo…”.

* Paródia de estrofe de “Atrás da Porta, composição de Francis Hime e Chico Buarque de Holanda

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