Auto Crítica – Erner Machado

Erner Machado
Auto Crítica - Erner Machado
Erner Machado

Em conversa, amistosa, com amigos, foi proposta uma questão que permitia cada um dos participantes , dar a sua opinião sobre a realidade brasileira.

Quando chegou a minha vez, respeitosamente, ousei dizer que somos um país que, hoje, se manifesta por atuações e por posturas vulgarizadas, inferiores e de segunda ou de terceira categorias.

Para justificar a minha afirmação mencionei:

A péssima qualidade de nossa educação básica, média e universitária, na qual alunos de ultimas séries do ensino básico não apresentam condições de alfabetização, os do ensino médio não conhecem analise sintática ou uma equação algébrica e os universitários, após formados, não são aprovados nos exames que suas instituições de classe estabelecem, para o exercício da atividade para a qual foram diplomados;

A nossa forma de manifestação oral ou escrita passou a ser caracterizada por uma linguagem onde o palavrão, os termos baixos, vulgares e rastaqueras , se tornaram normais e a erudição passou a ser considerada ridícula e elitista;

A ausência de renomados literatos, cientistas pensadores, filósofos, educadores, juristas, de economistas e outros expoentes de renome e de expressão nacional e internacional é uma realidade crucial;

A Família que, no dizer de Rui Barbosa é a Célula primeira da Sociedade ,hoje, encontra-se totalmente destruída por lares desfeitos onde pais ou mães, solitariamente, criam filhos sem noção de respeito, de dignidade e de amor, ou por unidades familiares compostas por dois pais ou duas mães que conduzem as crianças para uma sociedade onde a permissividade das relações torna-se regra e é aceita como normal;

A permissividade de costumes e ausência de valores derivou para encaminhar as crianças, a juventude e os adultos para vícios nefastos como o fumo , o álcool e as drogas;

A artes e os esportes, em todas as suas manifestações, produzem atores, cantores, músicos, e atletas de terceira categoria e que, quando se apresentam, são aplaudidos de pé por um público alienado em seus valores e em sua consciência;

As políticas de Segurança Pública que permitem que os delinquentes transitem livremente, exercendo o seu oficio e que portem armamento que nem o exército nacional possui. Esta licenciosidade resulta que se produza no pais, mais de sessenta mil mortes por ano, como foi o caso do ano de 2018;
O fechamento de Postos de trabalho que produziu uma massa enorme de desempregados – quatorze milhões – ao final do ano passado e que hoje encontram sustento próprio e de suas famílias, no subemprego, no “bicos” ou no crime;

O nosso poder judiciário nos tribunais superiores estaduais e federais tem seus membros indicados por preferencias políticas do chefe de plantão, em detrimento do mérito ou da competência.

Este processo de compadrio os transformam não em guardiões da constituição e da lei mas, em defensores das pessoas, dos grupos ou dos partidos que os conduziram ao poder;

A classe política nacional, detém em seus quadros- legislativo ou executivo – homens, sem preparo cultural ou profissional, para os cargos que exercem;

Possuem má formação moral e , em sua maioria, são suspeitos, indiciados ou réus condenados em processos criminosos, mas encontram-se livres graças a artifícios corporativos ou arranjos políticos ou jurídicos;

É esta mesma classe política maldita e dominante que, nos últimos cinquenta anos, foi liquidando e vulgarizando seus quadros reduzindo-os em qualidade chegando, hoje, a caracterizar-se pela completa ausência dos Políticos Estadistas que, no passado , a abrilhantavam e a dignificavam;

Findas as minhas considerações, recolhi-me ao silêncio…mas do fundo da sala um amigo levantou-se e perguntou-me:

E o povo?

-O povo, o meu povo, o seu povo, o nosso povo… nós todos, somos os Autores, Produtores e Diretores do Grande Drama Nacional e, por ele, os únicos responsáveis.

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