Corpo que pode ser de engenheiro desaparecido em Imbé é enterrado como indigente

Corpo que pode ser de engenheiro desaparecido em Imbé é enterrado como indigente

A Polícia Civil e a família do engenheiro Alexandre de Oliveira Brito, 58 anos, reclamam que um corpo encontrado carbonizado em Cidreira no mesmo dia em que o homem desapareceu em Imbé, em 9 de novembro deste ano, foi enterrado na terça-feira (17) como indigente em Tramandaí.

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) informou que o fato está sendo apurado internamente já que parentes de Brito fizeram exame de DNA e o resultado ainda é aguardado.

Por outro lado, o IGP informa que a instrução normativa publicada no mês passado permite que o Departamento Médico Legal (DML) encaminhe corpos não identificados e não reclamados para enterro como indigente após 15 dias.

Como o cadáver encontrado em Cidreira estava carbonizado e o reconhecimento por familiares não foi possível, o caso se enquadra neste quesito.

Sobre a investigação, a Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e telefônico da vítima, mas ainda aguarda informações do banco que o engenheiro tinha conta.

Além disso, vídeos de câmeras de segurança mostram que Brito saiu de Imbé com seu carro, uma Outlander, e depois não foi mais localizado.

O veículo foi visto na manhã do dia seguinte, 10 de novembro, no município de Araranguá, em Santa Catarina, distante cerca de 150 quilômetros da cidade gaúcha.

As informações são de Zero Hora.

Familiar publica mensagem emocionante e fala do descaso do estado

uma sobrinha de Brito desabafou em uma rede social sobre o caso. Veja abaixo na íntegra.

“Esse é o Alexandre, meu tio. Filho de Diva e Leão. Enteado da Hildgard. Irmão do Luís Alberto, Rejane, Rosana e Maria Elisete. Tio da Ana Cláudia, da Andrea, Elisângela, Roberta, Felipe, Leonardo, Graziele, Fernanda, Gabriel e do Giovanni.

Como o Alexandre era o mais jovem dos irmãos, sempre brincou conosco, seus sobrinhos, que era nosso primo, que tio, eram os irmãos velhos dele. Ele nunca saiu dos 24 anos! A gente sempre ria disso. Nos avisava pra não chamar ele de tio em público!!! Mas a gente chamava, ele era o nosso tio Xandre, e a gente via nos olhos dele o orgulho que tinha de nos apresentar pros amigos.

Esse é o Alexandre, carinhosamente chamado pelos tantos sobrinhos netos de Vororocô ou Bobô. A Nati, minha filha, diz que não sai da cabeça dela a voz dele dizendo: “oi prima”, no nosso último encontro familiar, que foi para comemorar o primeiro aninho do Tomas, o mais novo sobrinho neto do Alexandre. Ele também avisava que era o “primo” dos sobrinhos netos!

O nome dele é Alexandre de Oliveira Brito. Ele tem uma família, ele tem muitos amigos. Amigos que nos procuram chocados. Amigos que nos contam histórias que nem conhecíamos.

Meu tio saiu de casa no dia 09 de novembro, e não voltou mais. Meu tio encontrou assassinos cruéis no seu caminho. Meu tio encontrou a insegurança que esse Estado nos fornece.

Nós encontramos descaso, falta de informação, falta de empatia, desrespeito, mentiras. Encontramos pessoas horríveis desde então.

Desde o dia 09 de novembro o Estado está com meu tio. Ontem, dia 18 de dezembro, em uma informação extra oficial resolveram nos informar que o Estado decidiu enterrar meu tio. Não sabem se dia 16 ou 17 de dezembro. Na mesma semana que nos pediram coleta de sangue do meu avô, mesmo já tendo o dos meus tios há quase 30 dias.

Na mesma semana que resolveram pedir exames odontológicos. Eles resolveram enterrar meu tio com um número, em uma cova de indigentes sem nome. Na cova dos sem família, sem história. O Estado decidiu.

O Estado não nos informou ainda quem matou meu tio. O Estado nunca nos procurou. Mas o Estado achou mais fácil levar meu tio pra um cemitério 120km distantes de onde ele estava e enterrar, do que fazer o exame de dna e nos entregar meu tio. O Estado não nos informou ainda onde enterrou meu tio, só que enterrou.

Meu tio, Alexandre de Oliveira Brito não é um número em uma cova rasa, sem caixão, sem família, sem dignidade. Mas o Estado decidiu que era.

Eu não consigo mais parar de chorar”.

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