Esse lema da Campanha da Fraternidade 2017, “cultivar e guardar a criação”, está em continuidade com o tema de 2016: “Casa Comum, nossa responsabilidade”, e com o conteúdo da Laudato Sí.
O tema deste ano: “Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida”, que a primeira vista parece não ter muito a ver com religião, nos leva a um olhar mais contemplativo e preocupado com o bem estar do homem e seu habitat.
Hoje, todos dependemos de todos: do ar que respiramos, da água que bebemos, do sol que nos aquece, do alimento que nos nutre…
Há mais tempo a Igreja do Brasil reflete sobre defesa da vida e ecologia. As Campanhas da Fraternidade são um ótimo instrumento de conscientização.
A Quaresma é o tempo propício para refletir e assumir atitudes de conversão pessoal, comunitária e social.
A pessoa que faz sua caminhada quaresmal, tomando consciência da realidade dos biomas brasileiros, não pode ficar indiferente. Mas, a tentação de ficar nos grandes temas como aquecimento global, efeito estufa e outros é real. Na verdade o problema é de todos e é uma questão de religião sim, porque cuidar das criaturas é um modo concreto de amar e louvar o Criador.
Devemos reconhecer que cresceu muito a consciência ecológica; que o uso indiscriminado dos recursos naturais originou a crise ecológica… realidade que os movimentos ecológicos procuram superar; esse esforço pode se caracterizar como verdadeira espiritualidade ecológica; a mãe terra é nossa casa comum e o lugar da aliança de Deus com os seres humanos e com toda a criação.
Um bioma é constituído de comunidades biológicas, compostas de organismos da fauna e da flora. O oxigênio que os animais respiram é liberado pelos vegetais e nós oferecemos a eles gás carbônico numa troca mais que perfeita para manter o equilíbrio da vida.
A ação humana tem consequências. Se alteramos a química da atmosfera, alteramos a sua densidade e se agredimos a natureza, esta reage proporcionalmente.
A sustentabilidade é um compromisso com o futuro. Para ser sustentável, uma empresa tem que buscar de modo contínuo em suas decisões a chamada ecoeficiência, ou seja, produzir mais e melhor seus bens e serviços sem prejudicar a qualidade de vida do planeta, casa de todos e sempre mais confortável.
É de extrema importância que cada comunidade ou grupo pense numa ação concreta de conscientização sobre como cultivar e guardar a criação.
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório
