Cultura não dá voto?

Certa vez li entrevista com um cientista político que afirmava categoricamente: “Cultura não dá voto”. Talvez por isto, nossa região tenha tão poucos investimentos nesta área.

Óbvio que os governantes têm demandas muito mais emergentes, como saúde, educação, segurança… Mas, o problema, é que esta pasta vai sempre ficando de lado, sendo praticamente descartada mesmo quando a saúde financeira do município vai muito bem, obrigada.

Talvez por isto, quando o atual Secretário Municipal da Cultura de Osório, Rossano Teixeira, assumiu prometendo: “na minha Gestão a obra mais importante será a construção da Casa de Cultura”, em entrevista ao Portal Litoralmania, muitos olharam desconfiado para a ideia.

Será mesmo que agora estariam os governantes interessados em construir uma casa de cultura no município?

Este “sonhado” projeto já estava no programa de governo da atual administração municipal (2009/2012) e até o momento não passa apenas de uma promessa eleitoral.

Cultura não se reduz como muitos julgam apenas como passatempo. Cultura é muito mais do que isto. A história nos prova que um povo com cultura, se sobressai em relação aos demais.

Em um artigo, o sociólogo, Jorge Kuster Jacob, nos dá a dimensão deste fato: “O Império Romano foi o maior império da antiguidade. A história afirma que a sua superioridade estava na grandiosidade do seu exército. Assim conquistava e dominava por séculos outros povos. Mas para dominar um povo, por menor expressão que este tenha, era necessário dominá-lo também culturalmente. Por isso os romanos imediatamente destruíam seus deuses, suas estátuas, sua religião, sua arquitetura, sua língua e impunham a sua ordem, seus deuses e seu idioma. O exemplo mais recente de dominação está relacionado com os Estados Unidos que culturalmente, depois dos anos de 1980, vem dominando o mundo. E não foi preciso exército para impor sua dominação. Os meios de comunicação, especialmente 'Hollywood', através do cinema popularizaram a língua inglesa, com ela, o heroísmo do americano, como se esse fosse o 'mocinho' do mundo. Com isso, hoje não é só chique falar inglês, mas para se comunicar em qualquer parte do mundo é necessário saber falar inglês e ter dólar no bolso”.

Um povo com cultura, é um povo inteligente. Povo com ideias, tem bons hábitos, bons costumes, noção de valores que formam a sua identidade, noção de regras de conduta, de higiene, de saúde, de sistemas de crenças… Mas, em contrapartida a tudo isto há um problema. Este povo, não fica vendo a vergonha de nossa saúde calado. Este povo, não vai se trancar dentro de casa, com medo de ser assaltado, ao mesmo tempo em que vê os “mensalões” enriquecendo políticos corruptos e sem escrúpulos. Este povo conhece a história, sabe onde a humanidade já errou, cria leis suficientemente sérias, onde os criminosos pensam duas vezes antes de agirem, pois sabem que serão severamente punidos caso sejam pegos. Quem quer um povo assim? Todas as pessoas de bem, não é mesmo?

Texto originalmente publicado na Revista Doispontos

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