Desigualdade e injustiça - Suely Braga
Suely Braga

Que as desigualdades permeiam o caminho da humanidade, isso ninguém duvida. Não se trata de sermos diferentes só do ponto de vista biológico.

O que agride, nesta constatação é justamente a desigualdade construída no âmbito social pelo próprio ser humano.

Quando comparamos a vida entre os que podem, ou não usufruí-la dignamente, entre os que são ou não importantes socialmente, entre os que detém ou não as riquezas.

Fazemos da desigualdade uma arma da violência e profunda opressão.

Se não bastasse a desigualdade, ainda somos massacrados pelas injustiças. Então a balança fica muito desequilibrada.

Quando as leis, as normas, os códigos, as doutrinas não conseguem impor seus freios e contrapesos às desigualdades, é sinal de que nossa esperança sucumbiu.

A quem recorrer se a justiça humana nos falta?

Se a venda da imparcialidade do juízo impede a

justiça de agir na justa defesa dos homens, a quem recorrer?

Qualquer um entende a prática da desigualdade  no seu cotidiano.

A injustiça não. A injustiça tem um traço próprio, porque é fundamental entender de justiça

Para contrariá-la. Por isso, a sensação de desalento, de abandono, de orfandade. A injustiça nos diminui, nos encolhe diante do mundo, demonstrando toda a nossa impotência, em sermos autossuficientes para socorrer-se frente às mazelas. Para fazermos justiça precisamos que os outros se unam à nossa causa. Caminhamos então, num trilhar de desigualdade e injustiça.

Enquanto as desigualdades se agigantam diariamente, proliferando legiões e legiões de desvalidos, as injustiças os abraçam sem a maior piedade.

Vejam as maiores tragédias que se abatem sobre o mundo e em nosso país como: o rompimento das barragens, as queimadas na

Amazônia e outras tantas tragédias, como o próprio autoritarismo de um governo fascista, que espalha o ódio e a violência entre a população. Não é sem razão essa sensação de cansaço doente que se abate sobre todos. Trata-se de um cansaço de profunda desesperança, quando nos olhamos no espelho e enxergamos os efeitos destas barbáries.

Segundo o escritor português José Saramago:

“Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso, fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo. ”

Quem sabe, entre esta desilusão em que estamos mergulhados, não possa não muito longe, surgir a esperança, de igualdade e justiça e sobretudo, democracia.

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