Deus tem nos brindado. – Erner Machado

Erner Machado

Deus tem nos brindado.

Deus tem nos brindado, em Capão Novo, neste outubro, com dias de sol constante…

Estes dias me lembram os meus tempos de guri, em Rosário do Sul, e a minhas pescarias com os colegas do Banco da Província, nos açudes da Taipa, da Capela do Saicão, da Coudelaria da Corte e nos meus Rios Santa Maria e Ibicuí da Armada…

Hoje, longe da minha geografia, não tenho os meus rios, os meus açudes e não pesco mais…Tenho, agora, o Mar, e assisto aqueles que pescam, agora, como eu pesquei, há tanto tempo.

A eles eu ofereço este texto… feito com muita emoção e muito respeito.

OS VELHOS PESCADORES.

Tenho observado que os velhos pescadores vão diariamente ao mar, nas calmarias e nas tempestades.

Nos dias navegáveis tripulam suas embarcações e se lançam às ondas na certeza de que lá, após a rebentação, encontrarão o silêncio que reanima suas almas e os frutos que manterão por mais um tempo os seus cansados corpos.

Nos dias em que o tempo não está para se aventurar ao largo ficam, na beira, olhando o ir e o vir eterno das ondas, como se encontrassem neste fluxo as respostas para os mistérios da vida.

O que me chama a atenção, nos velhos pescadores é a capacidade natural de se confundirem com a imensidão do mar lançando seus olhares e seus anseios para o infinito das águas e ficarem ali, como se fossem uma extensão delas. Um prolongamento das marés, uma onda que ficou prisioneira em um cômoro, mas, continua sendo uma parte viva do oceano.

O que me chama a atenção e me comove é a total entrega que estes velhos pescadores fazem, de si, para o mar que os alimenta e os energiza.

É como se fossem da mesma natureza e ao entender o mar, me parece que entendem a si próprios e este entendimento, esta compreensão tranquiliza as suas mentes e torna leves os seus semblantes e, eles, ao decorarem o universo de seus silêncios com algum sorriso parece-me que estão escrevendo um tratado de filosofia, de arte, de amor e de paz.

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