Era uma vez – Suely Braga

Suely Braga
Era uma vez - Suely Braga
Suely Braga

Era uma vez um país onde as pessoas não valorizavam as pessoas que gostavam de ensinar e  estudar.

Essas pessoas gastavam anos e anos aprendendo, gastando tudo que tinham para realizar o sonho de um dia poder falar com muitas outras pessoas sobre tudo aquilo que aprenderam.

Sentiam-se felizes por poder conversar com a população do país, ensinando sempre mais e mais e com isso, gastavam muito dinheiro para fazer cursos de aperfeiçoamento para aprenderem mais, saber mais, ensinar mais.

A alma dessas pessoas ficava muito feliz, afinal tudo o que queriam era conversar infinitamente e dar um pouco mais de sabedoria a um povo que era tão inteligente, mas não tinha conhecimento do potencial que possuíam e, por isso, nunca se revelavam, estavam sempre taciturnos e chateados…

Acontece que no meio desse povo existiam também pessoas que não se preocupavam em saber nada e não tinham vontade de aprender, então maltratavam demasiadamente o instrutor dos saberes e este se sentia muito magoado chegando a pensar em desistir, em abrir mão da alegria de ensinar.

Nesse país, mais e mais pessoas eram deprimidas por não conseguir estudar e acabavam desistindo, porque desta forma nada entrava em suas cabeças. Era tudo uma bagunça, um barulho, que não permitia a quem queria o direito de pensar e aprender.

Um dia, o mestre deste país ficou muito, muito triste mesmo e começou a adoecer. Seu coração estava quase parando de tristeza, quando descobriu, que não conseguia ser tão feliz em sua profissão, pois ninguém se interessava pelo seu trabalho. Descobriu também, que a pessoa que governava o país não dava importância para que o povo aprendesse, ao contrário, tinha até medo de que, se as pessoas soubessem, causassem problemas, pois se tornariam pessoas críticas e começariam a exigir alguns direitos, que este governante não pensava, em hipótese alguma em doar.

Algumas leis foram outorgadas (e muito bem pensadas) para que tudo desse errado e para desestimular o mestre. Chegou a tal ponto, que esta pobre criatura já não tinha mais nem como se manter, para continuar seu trabalho. Ora vejam só…

A população deste país foi ficando cada vez mais alienada, e como não sabiam e não compreendiam o que os dirigentes faziam e quais eram suas estratégias, mais eram subservientes aos comandos, que lhes eram impostos.

Era uma população carente, com fome, com a pele amarelada por carência de vitaminas, remédios, saberes que pudessem acordá-los, para a realidade que viviam, pois, a Saúde também não funcionava. Mas eles não sabiam, pobrezinhos… E não sabiam por que algumas dessas pessoas não deixavam, que pudessem estudar e compreender o que acontecia bem diante deles.  Com isso, iam ficando cada vez mais doentes e ficavam mais doentes ainda os mestres, aqueles que gostavam do que faziam e sentiam que era preciso salvar a população carente, mesmo diante de tantos desafios a serem vencidos: aqueles que queriam atrapalhar e aqueles que governavam o país que não queriam que compreendessem o que lhes acontecia.

Nesse país, aos poucos, as pessoas foram esmorecendo, foram morrendo à mingua. Tristes, sem motivação, sem alimentação suficiente. Não havia alimento para a vida prosseguir e não havia alimento para a alma.

Era uma vez um país, onde as pessoas não valorizavam aqueles, que gostavam de ensinar e aqueles que gostavam de estudar…

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