Familiares das vítimas do acidente da Chapecoense denunciam abandono à Comissão de Direitos Humanos

Policiais fazem o resgate das vítimas do avião da Chapecoense que caiu no trajeto da Bolívia para a ColômbiaDivulgação/ Polícia de Antioquia

Familiares de vítimas do acidente aéreo, ocorrido em 28 de novembro de 2016, no qual 71 pessoas morreram, dentre as quais 19 jogadores da Associação Chapecoense de Futebol, denunciaram aos deputados gaúchos que foram abandonados pelo time e pelas autoridades. Eles participaram, na manhã desta quarta-feira (26), a convite do deputado Álvaro Boessio (PMDB), da reunião ordinária da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia do Rio Grande do Sul, onde relataram a situação de desamparo e de falta de informações a que estão submetidos.

“Cinco meses após o acidente, há moças com crianças no colo aguardando esclarecimentos. Logo depois que terminou o velório de nossos familiares, que foi assistido por todo o Brasil, nenhuma autoridade se pronunciou mais”, denuncia Paulo Gobbato, pai do preparador físico da equipe, Rafael Gobbato, que morreu na queda da aeronave.

Gobbato afirmou que as famílias querem respostas. “Não sabemos por que contrataram a empresa boliviana Lamia para fazer o transporte e quem foi o responsável pela contratação”, revelou. Além disso, ele denunciou que, dos R$ 3,8 milhões arrecadados em doações, pouco mais de R$ 1 milhão foram distribuídos às famílias. “Queremos mais transparência, queremos saber o montante das doações e para quem foram destinadas”, apontou

O advogado Márcio Floriano, que representa a família de Gobbato, afirmou que a seguradora negou a cobertura de U$S 25 milhões, prevista no contrato, e propõe uma compensação financeira às famílias das vítimas, em troca da desistência do valor inicial. Ele anunciou ainda que famílias estudam a responsabilização jurídica da Chapecoense por acidente de trabalho.

Associação e audiência pública
A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos adotará uma série de providências para apoiar os familiares das vítimas. A primeira delas, sugerida pela vice-presidente Miriam Marroni (PT), é procurar o governo do Estado para verificar como está se dando o atendimento aos gaúchos que foram afetados pela tragédia. Já por sugestão da deputada Manuela d Ávila (PCdoB), a CCDH procurará o clube de futebol, a Comissão de Direitos Humanos de Santa Catarina e a Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal. Além disso, por proposição do deputado Álvaro Boésio (PMDB), será realizada audiência pública em que todos os familiares, dirigentes da Chapecoense e autoridades relacionadas ao fato serão chamados.

O deputado Lucas Redecker (PSDB), filho de deputado federal Júlio Redecker, falecido no acidente envolvendo a empresa TAM em 2007, recomendou aos familiares a formação de uma associação para acompanhar o desfecho do caso. “De forma individual, fica mais difícil reivindicar e obter informações. O drama vivido pelos familiares que estão aqui hoje é idêntico ao das demais famílias. Além disso, é preciso ter prudência e ter noção de que nem tudo será resolvido de um dia para outro”, frisou.

Retaliação
Na mesma reunião da CCDH, o diretor-executivo do Sindicato dos Servidores da Defensoria Pública, Thomas Nicolas Vieira, denunciou assédio moral praticado pela direção do órgão contra dois diretores da entidade. O motivo, segundo Vieira, seria o fato de o sindicato ter se manifestado contra o projeto de Lei (PL) 174/2016, de autoria da Defensoria Pública, que transforma 220 cargos de carreira em cargos de comissão.

De acordo com o sindicalista, em retaliação, a direção da Defensoria relocou, sem motivação e sem conhecimento da chefia imediata, dois diretores do sindicato que atuavam na DP Itinerante. “Na verdade, foi uma permuta de ofício, sem que a administração informasse o número do expediente e a motivação do ato. Acreditamos que a prática afetou o direito do servidor de ter sua condição de trabalho respeitada”, apontou.

Por proposição do deputado Pedro Ruas (PSOL), a CCDH solicitará a revogação do ato. “Toda a permuta não solicitada é retaliação. E não podemos aceitar a prática, especialmente, vindo da Defensoria Pública”, justificou.

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