Imunidade Cruzada – Jayme José de Oiveira

Imunidade Cruzada - Jayme José de OiveiraPONTO E CONTRAPONTO– por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

 IMUNIDADE CRUZADA

O que é a imunidade cruzada e porque ela pode ser a chave para o combate ao COVID-19.

Algumas pessoas apresentam sintomas leves ou são assintomáticas quando infectadas pelo coronavírus. Cientistas estão estudando a possibilidade de, após ter superado alguns vírus o sistema imunológico possa aprender a se defender de outros, é a imunidade cruzada.

Imunidade Cruzada - Jayme José de Oiveira

Imunidade é o conjunto de mecanismos que nos protegem das infecções e substâncias tóxicas. Existem dois tipos de imunidade: inata, que possuímos de nascença e que serve para nos defender de vários agentes agressores aos quais somos constantemente expostos. Depois de vencermos uma doença o organismo aprende e conserva esta memória para futuros ataques, chama-se isso de imunidade adaptativaque é específica para um agente agressor apenas. Pode ser originada pela reação do próprio organismo ou ser adquirida através de vacinas, quando apenas se torna efetiva após alguns dias, o organismo precisa aprender a reagir e, após, mantém essa capacidade por períodos variáveis – a H1N1 (gripe) precisa se reaplicada anualmente, a BCG (tuberculose) pode ter eficácia por toda a vida.

Existem sete tipos de coronavírus conhecidos e destes a população é exposta anualmente a quatro, normalmente eles apenas provocam resfriados, ativam os linfócitos que possuímos (foram originados anteriormente) e o organismo adquire uma maior capacidade de enfrentar outas cepas que compartilham fragmentos comuns e este fato explica porque vírus diferentes podem ativar o sistema imunológico cruzado.

Pesquisadores do Instituto de Imunologia La Jolia, na Califórnia, usaram amostras de sangue coletadas em 2015 e 2018 de pessoas que haviam superado coronavírus sazonais que, pelas datas, não poderiam ter sido expostas ao SARS CoV-2 e eles verificaram que havia uma reação. Os pesquisadores constataram que existem linfócitos capazes de reconhecer os vírus antigos e isto significa que eles têm imunidade cruzada.

Um detalhe importante a ser analisado: “A comprovação da existência de imunidade cruzada nos incentiva a não abandonar resultados obtidos em surtos anteriores, eles podem servir para acelerar a obtenção de vacinas para vírus atuais”.

Louis Pasteur iniciou os estudos sobre a raiva em 1880 e, em 1885, aplicou pela primeira vez em um ser humano. Foi o início dos estudos numa técnica fundamental para prevenir doenças de origem microbiana.

A ciência pode ter intervalos de séculos entre o primeiro vislumbre de solução até um prosseguimento, este contínuo e sempre aperfeiçoado.

Voltemos o tempo para o ano 120 a.C., quando Mitridates VI, rei do Ponto, que ascendeu ao trono após seu pai ter sido envenenado num banquete. Receoso de ter fim similar passou a ingerir diariamente doses mínimas de venenos comuns na época e aumentar paulatinamente a quantidade até atingir a letal, conseguiu acostumar o organismo e se tornou imune aos venenos.  A medicina a partir de Pasteur usa a mesma técnica para fabricar vacinas e soros e denominou a técnica de mitridarismo.

Não apenas para micro-organismos se verifica a tolerância, como no caso de Mitridates VI, qualquer substância tóxica pode ser mitridatizada, um ébrio contumaz pode ingerir, sem efeitos maiores visíveis, quantidades de bebida alcoólica que levariam ao coma pessoas não viciadas. Nossa resistência aos poluentes mais diversos deriva dessa mesma adaptabilidade.

Em suma, a ciência, após encontrar o caminho, prossegue em ritmo cada vez mais vertiginoso e não dá sinais de arrefecer.                                                                                                                                       Qual o limite? A erradicação de toda e qualquer doença existente ou que venha a surgir.

Não há limite na realidade. “Tudo o que um homem pode imaginar outro homem realizará”. (Júlio Verne)

Nos últimos vite anos tivemos seis ameaças significativas: Sars, Mers, Ebola, gripe aviária, gripe suína e Covid-19. Escapamos de cinco, mas a sexta nos atingiu, em cheio.

Esta não é a última epidemia que vamos enfrentar, precisamos dar maior atenção às doenças em animais selvagens.

Entre milhares de bactérias, parasitas e vírus conhecidos pela ciência, temos de encontrar os que mais representam ameaça aos seres humanos e tomar precauções antes de sermos atingidos. Como estamos cada vez mais invadindo os ambientes naturais dos animais que podem se tornar vetores e não vemos perspectiva de mudar esta escalada… esperamosque os cientistas consigam vencer esta corrida rumo à prevenção, para não ser necessário “correr atrás da máquina” como ocorre nesta pandemia. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou, na manhã desta quinta-feira (11), que o Instituto Butantan vai produzir uma vacina contra o novo coronavírus, em parceria com o laboratório chinês SinovacBiotech.

PREVENIR É SEMPRE MELHOR, MAIS RACIONAL QUE INTERROMPER.

 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 

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