Livros e os sonhos na quarentena – Silma Terra

Livros e os sonhos na quarentena - Silma TerraLIVROS E OS SONHOS NA QUARENTENA

Uma crônica dentro de outra crônica

Ando introspectiva nestes últimos dias, dou esse crédito ao frio intenso que não estava mais acostumada e a própria quarentena que  podemos dizer  bi-quarentena e se encaminhando para tri-quarentena.  Gosto de sair, passear, conversar como a maioria das pessoas e este confinamento está sendo cruel.  Como sempre digo tenho solitude,  sou uma excelente companhia para mim mesma, mas…

Entre escrever, tricôs e crochês,  assistir bons filmes e séries,e ler os dias vão passando meio que de arrasto. Mas hoje quero falar de livros, uma paixão infantil que sempre está comigo, adoro estar na companhia deles.

A lembrança mais remota que tenho do contato com os livros é o conto de fadas Cinderela. O livro era grande, bem maior que os livros tradicionais, colorido, capa linda e era o objeto de desejo e meu sonho por semanas. Não lembro exatamente a série que cursava.

As colegas que já haviam emprestado o livro da biblioteca escolar, contavam com brilho nos olhos a história de Cinderela.

Na semana seguinte, lá estava eu na fila ansiosa para finalmente conseguir levá-lo para casa.

Mas não; meu nome começa com S, e sempre alguém o pegava antes. Com isso buscava na prateleira algum outro  que me contentasse.

A fila era longa, mas um dia finalmente ao chegar minha vez de escolher um livro, lá estava ele, o produto de desejo e sonhos por semanas. Não tinha mais a beleza que tanto me chamara a atenção, mas o peguei; capa  amassada, meio suja, já sem muito brilho. Apesar de muitas mãos terem passado por ele e eu saber da história, queria como um grande desejo,  saboreá-lo.

Li, reli, suspirei e me deliciei, em plena pré-adolescência. Sequer entendia o tamanho prazer.

Leitura, aprendizado delicioso que nos faz descobrir ideias, inspiração, faz você viajar sem sair do lugar. Ali mergulhei nesse sonho infantil de reis e princesas.

O conto de fadas e o prazer daquela leitura se refletem até hoje. Muitas vezes me encontro em pensamentos de sonhos de princesas.

A exploração da fantasia; como eu queria ser a Cinderela, entrar num mundo encantado com mistérios e surpresas.

Queria ser aquela personagem que por mais que tenha sofrido, era uma relação de sonhos, prazerosa, onde a fantasia e a emoção faziam explodir no peito.

Lembro que cheguei em casa esbaforida, numa ânsia de lê-lo, de penetrar naquele mundo e torcer para que eu tivesse o mesmo destino.

Foi um prazer solitário, não compartilhei com ninguém. Mas foi a partir daquele livro que adquiri o gosto pela leitura. Depois dele já vieram centenas.

Ser conduzido pela leitura, se deixar penetrar  e por que não, transportar-se às suas páginas e entregar-se à história.

Uma fonte inesgotável de múltiplas dimensões e significados.

O  destino me fez cursar Biblioteconomia, um curso que nos ensina o tratamento do livro para futura recuperação. Não só os livros, mas tudo que possa ser fonte de informação. Ironia do destino.

Quando vejo uma biblioteca como a Biblioteca Central da UFSC, a Universidade Federal de Santa Catarina, lembro da biblioteca da Escola Manoel Luiz, lá em Palmares do Sul/RS que era apenas um armário de duas portas chaveadas que guardava os livros como se um tesouro fossem.

E eram.

Na UFSC tinha uma professora que  dizia: os livros não devem ficar estacionados em estantes ou prateleiras, eles devem viajar em diversas mãos, sem donos, apenas os olhos momentaneamente a saboreá-los e em nossas mentes ficar registrado o sonho, o conhecimento, valores, ideias, conceitos que moldam definitivamente um caráter, um ser questionador, com criticidade para não ser apenas um ser vivente, mas alguém que possa fazer a diferença, nessa linda aventura que é a vida.

Professora Magda Chagas está coberta de razão, os livros têm  esse poder, mas eu não consigo me desfazer deles.

Hoje sentada em frente à janela panorâmica do meu apartamento, sentindo o calor do sol de inverno olho com prazer para minha biblioteca. É maior que a biblioteca da escola Manoel Luiz na época que estudei. Tenho títulos maravilhosos, amo meus livros como um tesouro.

E são.

Não consigo fazer o que a professora Magda diz; eles estão colados a mim, ou eu a eles.  Nestes dias de notícias ruins por todos os lados, onde ficamos meio sem saber o que fazer, de como fugir desta realidade nua e crua, são eles a salvação.

Às vezes,  busco algum para novas leituras, novos olhares e mais inspirações.

#teatirapravida

Silma Terra

Palestrante Motivacional, comunicadora de rádio e televisão, Youtuber e  Bibliotecária de formação.

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Contato – contato@silmaterrapalestras.com.br

PodCast – https://soundcloud.com/sillma-borges-therra

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