Não chores por mim, Alagoas

Nos anos sessenta as colegiais costumavam colar em seus arquivos escolares fotos de galãs do cinema americano. James Dean, Rock Hudson e Elvis Presley enfeitavam o universo de sonho daquelas adolescentes. Os garotos, por sua vez, eram mais reservados em sua idolatria.

Destinavam, quando muito, as paredes de seus quartos ou as portas de seus roupeiros. Não expunham Marilyn Monroe, Jayne Masnfield ou Brigitte Bardot, musas de suas incursões onanistas, ao julgamento dos amigos. Elas eram espécimes de uma coleção muito particular.

O homem, por sua natureza, é um idólatra. Quantos, hoje homens maduros, não conservam, ainda, os pôsteres de Ayrton Senna, o ícone de seus sonhos de aventura e arrojo, ou do bólido da clássica e charmosa Masseratti, ou do Grêmio, primeira equipe de futebol gaúcha a conquistar o Campeonato Mundial Interclubes? Quem pode garantir que a terna vovó ou o competente diretor-executivo de empresa multinacional não possa ter conservado nos baús de suas lembranças a velha camiseta com o retrato de Che Guevara?

Todos, de uma forma ou de outra, buscamos, formatar nossa identidade juvenil dentre as celebridades daquele momento especial. Maduros, nós próprios assumimos a nossa formatação. Alguns, e temos exemplo bastante próximo de nós, por questões infantis ainda não resolvidas, aderem à idolatria tardiamente. Na década passada a esposa de um alto político gaúcho deixava nitidamente transparecer não apenas sua admiração à figura de Evita Perón, primeira mulher do falecido ditador argentino, Juan Domingo Perón, como demonstrava o desejo de a ela ser comparada. Sua postura, no entanto, ultrapassara os limites toleráveis da arrogância. Guardaria aquela senhora, em algum recôndito de seu gabinete, a fotografia que estampasse o ícone Evita Perón?  Anos-luz de distância, no entanto, a separavam do charme e do carisma exercidos por Evita. Esta foi, e será sempre, um mito. Como tal, jamais terá, sequer, qualquer similar.

Toda e qualquer tentativa não passará de barato arremedo.

O mesmo se pode, agora, dizer do jegue alagoano Renan Calheiros. A exemplo do ex-presidente Bill Clinton e seu mundialmente noticiado affaire com a estagiária da Casa Branca, Mônica Levinsky, o pulha brasileiro, no delírio de assemelhar-se, em nível inconsciente (ou não?), a Clinton, encontrou uma homônima tupiniquim, dublê de jornalista e capa da revista Playboy, Mônica Veloso.

A infinitesimal diferença está em que Bill, “the Kid”, além de fumar os legítimos charutos jamaicanos, jamais utilizou “laranjas” e empreiteiras para mascarar suas aventuras de alcova, ou libertinagens sobre os tapetes do Salão Oval. Menos ainda se valeu do erário americano para sustentar os eventuais frutos de suas escapadas românticas.

Renan, como os que tardia e infantilmente idolatram e pretendem ser cópias de mitos como Evita Perón, não foi além de um reles e imundo arremedo. Não passou, sobretudo, de uma vulgar e amarfanhada cópia.

De papel carbono, ainda por cima.

Comentários

Comentários