Não podemos arrefecer – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NÃO PODEMOS ARREFECER

De repente, não mais que de repente irrompeu este vírus terrível, com abrangência global, com capacidade de contágio fulminante, com possibilidade de se expandir sem controle, sem vacina e tratamento, com potencial de apavorar multidões. Tem, também, a capacidade de arregimentar cérebros privilegiados que utilizam laboratórios especializados disponíveis e verbas angariadas na busca frenética de soluções possíveis, primordialmente medicamentos para tratamento e cura, simultaneamente vacina para a prevenção de novos surtos.

Enquanto a solução é gestada providências emergenciais têm de ser obedecidas, entre elas a mais eficaz é a quarentena para as pessoas mais vulneráveis e às que não exercem funções indispensáveis. Profissionais da saúde, transporte, comércio de gêneros alimentícios e medicamentos, etc., abnegados arriscam sua segurança e a própria vida e permitem que continue a girar a roda da convivência. Existe também, infelizmente, quem não se peja em afirmar: “Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou este monstro chamado coronavírus. Porque este monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado é que pode resolver isso” (Luiz Inácio Lula da Silva). Pessoas responsáveis descartam essa ignomínia pronunciada por quem tem ascendência sobre parcela significativa da população.

Espelhemo-nos no que escreveu Alexandre Garcia. “Nasci em 1940, sou, portanto, um coroa entrando no nível mais alto do grupo de risco, no ano o meu octogésimo aniversário. Já estou em casa há duas semanas, e muito feliz, porque a casa da gente é o melhor lugar do mundo”. Combater o tédio? Trabalho muito em casa e quando sobra tempo, é hora de espairecer e de leitura.

Ficar parado enferruja os músculos, desleixar o cérebro envia convite para a visita do Dr. Alzheimer. Não esqueçamos de valorizar os que estão trabalhando por nós, eles não podem parar senão nós, os em quarentena, não poderíamos sobreviver, morreríamos de fome, de isolamento, por contágio ao nos deslocarmos para finalidades impossíveis de postergar ou não executar. Cuidemo-nos, mas sem medo. O medo nos apequena, enfraquece nossa imunidade e nos lança na desesperança, no desespero inconsequente.

O coronavírus serviu para mais uma vez dicotomizar a população. No lado positivo, pessoas abonadas como Messi, Cristiano Ronaldo, Giorgio Armani, Justin Bieber, Donatella, Versage e muitos mais, donos de fortunas abriram os corações e as bolsas para doar vultosas somas. Hospitais receberam equipamentos e puderam ampliar instalações “a toque de caixa”. HOSANA!

Toda a personalidade tem seu antípoda, no outro extremo do pensamento e ação surgem os aproveitadores da desgraça, os que se espojam – deitam e rolam – nas dificuldades alheias e se locupletam aproveitando o desespero alheio para auferirem lucros abusivos, escandalosos. Aumentam o preço de alimentos, medicamentos, prestação de serviços, tudo o que os afetados pela hecatombe necessitam e não podem regatear. IGNOMÍNIA!

É nesta hora que o Estado tem de intervir. Tem de usar a força, se necessário, para coibir esses abjetos pescadores de águas turvas.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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