Nunca estamos sós

Cada indivíduo é um microcosmo, parcialmente
ciente de si mesmo; um complexo de forças
inconscientes a serem ainda descobertas.
Hammed – A Imensidão dos Sentidos

A conquista sublime das criaturas de Deus é a capacidade de percepção.

No princípio vital mais elementar já está traçado o rumo evolutivo, essa fatalidade à perfeição que toda criação Divina decreta.

Nós, seres hominais, certamente já alcançamos alguma capacidade de percepção, que nos projeta a horizontes de certeza e incertezas, que é a característica do Universo.

A sensação de solidão, nata do ser humano terrestre, demonstra o quanto estamos longe de perceber a imensidão que nos cerca, onde nunca há ninguém “só”.

Em verdade a solidão é uma criação do ser inculto que ainda não enxerga o todo, somente a si mesmo. Esta sensação perdura intensamente até que os primeiros albores evolutivos o tornem permeável a entender que não se existe sem a existência do todo.

Nas lutas terrenas, onde o ser humano muitas vezes amarga sofrimentos desde tenra idade corporal, trazem alguns uma sensação de extremo abandono. Essa forja produz muitas personalidades fortes, que curam suas mazelas oriundas de outras existências, ou ainda fazem perdurar estágios de desalinho, somente ajustados em próximos mergulhos na carne.

A esses que ainda não superaram este sentimento de indiferença que aparentemente a vida lhes dedica, dirijo minhas palavras.

Nossa existência na Terra, por mais áspera e desoladora que seja, não o é sem um belo e firme propósito: o de nos engrandecermos, o de superarmos a nossa revolta, o de reconhecermos o Universo além de nós, enfim, o de percebermos.

Percebermos que a vida nos aplica uma medicação que deve ser respeitosamente aceita.

Ainda que com esgares do amargo gosto das doses, o efeito benéfico nos imprimirá eterno sorriso na alma.

Nossa vinda para a Terra é um preparo de muitas mãos, que nos amam, e do plano espiritual torcem por nós, sem alarde nem cobrança: apenas torcem, e muitas vezes sofrem, por não poderem nos amparar como tenros filhos para nos proteger dos dissabores.

E muito mais sofrem com nossas falências perante os desafios que muitas vezes nos propusemos a enfrentar, confiantes, ou pela certeza de que esta passagem nos deixaria ainda maculados pela ignorância, insuficiente para que pudéssemos já perceber as luzes da felicidade.

Antes de levantarmos nossa voz contra algo que não sabemos, e no final somos nós mesmos, procuremos achar, em cada ocasião em que nos julguemos abandonados, a mão de alguém que nos ama.

Se somos agredidos por irmãos, busquemos na prece e no pedido a Deus de forças para o entendimento e refrigério desde calor que nos consome, e que passará.

Se fracassamos nos embates a que nos propusemos, é porque precisamos colecionar mais ensinamentos, e esses não podem ser desperdiçados. Haverá irmãos que nos alcançarão conforto e ensinamento, desde que os percebamos.

Se frustramos nossos anelos de relações, é porque ainda não estamos prontos para oferecer aquilo que devíamos. Esperemos pois, a ocasião em que nossos amigos (ainda que pensemos não os possuir) nos alcancem novas oportunidades.

Se diante das vicissitudes assaltar-nos a equivocada idéia de abandonar a vida terrestre, antes de tudo busquemos adiar esta viagem que tem volta, e penosíssima volta,  buscando esclarecimentos com os amigos que certamente estarão esperando a oportunidade de ajudar.

Por todo o caminho onde trilhamos há pousadas, há abrigos, e amigos.

Basta que os percebamos.

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