O Bozo jamais abandonará o picadeiro – Sérgio Agra

O BOZO JAMAIS ABANDONARÁ O PICADEIRO 

Hoje tem goiabada? Tem sim sinhô!

Hoje tem marmelada? Tem sim sinhô!

Hoje tem espetáculo? Tem sim sinhô!

Cinco cruzeiros não é nada,

sentado na bancada com a sua namorada!

E o palhaço o que é? Ladrão de muié!

E o político nacional?

Declarado 171 do Código Penal.  

Para as gerações nascidas DCS (Depois do Cirquedu Soleil) faz-se imprescindível esclarecer-lhes o significado da palavra “picadeiro”, o local onde se treinam cavalos ou a área central e circular de um circo, reservada às apresentações dos artistas.

Entre as décadas de 1940/1970 predominaram no Brasil as grandes famílias circenses como os Stankkowich e os Tihany, que em turnês por todo o território nacional armavam gigantescas lonas para exibirem seus espetáculos com três grandiosos picadeiros nas grandes praças das cidades.

Pode-se ainda estender aquela denominação para os salões em que se realizam as Sessões do Plenário do Congresso Nacional — Câmara e Senado — e do STF, que exibem verdadeiros espetáculos circenses com as mais variadas atrações. Deputados e senadores neles se reúnem para das tribunas exibirem-se, respectivamente, às plateias de 512 e de 80 ociosos que não estão nem aí para as performances do “palhaço da hora”,que esganiça desejando fazer-se ouvir, preocupados tão somente em ofender uns aos outros “homenageando” as senhoras genitoras, imputando-lhes a pecha de scort male. Quando a bronca esquenta partem ou para um combate digno do UFC, ou para escarrada na cara do oponente, ou para afirmar da tribuna que Maria do Rosário, de tão feia, nem estupro ela merece, ou para a alto e bom som homenagear o maior torturador da ditadura militar, o General Ustra.

Em todos esses episódios o protagonista fora o deputado federal Jair Bolsonaro — o Bozo —, quem diria, logo, logo eleito Presidente da República.

Já no outro lado da Praça, no picadeiro do Supremo Circo,de turbulências mais eufônicas, todavia as performances são as mesmas: — onze narcisistas togados perante as câmeras das TVs zelando(?) pelo fumus boni juris, pela moral(?) e pela ética(?), solenemente tratando-se uns aos outros em hipócritas juridiqueses como os data vênia, adredemente Vossa Excelência se encontra sob o pálio do mais crasso equívoco”.

Mas fiquemos com o Bozo, aquele que graças a um cenográfico atentado a faca por ele sofrido durante a campanha eleitoral e, saliente-se, convenientemente registrado em vídeo nas mídias, escafedera-se dos debates em rede nacional de televisão com os demais candidatos, e “ungido” à condição de vítima, o que lhe renderia 57,8 milhões de votos, mais do que suficientes para ocupar a cadeira presidencial por quatro anos.

Fora aí que a merda toda começou…

Antigos aliados passaram a ser inimigos de Bolsonaro em poucos meses. O governo nem bem havia começado e uma crise envolvendo áudios vazados e os filho de Bolsonaro em “força-tarefa” derrubaram o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Depois disso a lista de desafetos só aumentou. A figura do pai protetor sobrepôs-se à de comandante-em-chefe da Nação.

As declarações estapafúrdias de Flávio, de Eduardo ou de Carlos, os famigerados 01,02, e 03 do clã do Messias, seus amigos e assessores com perfis como os de Fabrício Queiroz, Adriano da Nóbrega (suspeito no assassinato da vereadora Marielle e seu motorista), o vazamento de informações sobre as investigações que estavam sendo levadas a efeito pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, as estrambólicas opiniões e os “conselhos” do guru dublê de astrólogo “fora de órbita”, Olavo de Carvalho, que fizeram as cabeças detentoras de 2,5 de neurônios do sistema nervoso de cada um dos “meninos” 01, 02 e 03, que por sua vez impuseram ao pai se indispor contra ministros e homens do primeiro escalão, acumulados às aberrações cometidas juntamente com as claques direitopatas e fascistas durante o pico do COVID-19 e, sobretudo, a auto desconstrução que ele teima em concretizar através dos estúpidos “Cala a bocar, porra! para com a imprensa não deixa a menor sombra de dúvida de que o Bozo não saíra do picadeiro e jamais sairá, impedindo que ele seja um gestor minimamente eficiente.

Há de se colocar na coluna de crédito desta conta os acidentes(?) do derramamento de óleo de uma navio petroleiro venezuelano(?) em toda a costa do Nordeste  brasileiro e o rompimento da barragem da Vale, mineradora multinacional, em Brumadinho. Isso não foi culpa dele. No ora trágico e aterrador episódio da pandemia do COVID-19, em que ele — além dos justos socorros financeiros aos desempregados e trabalhadores informais — poderia tornar admirável sua gestão ao administrar a crise com coerência, tato, cautela, circunspeção e sensatez, acatando os pareceres de idôneos cientistas e pesquisadores, de reconhecidas juntas médicas de infectologistas e epidemiologistas, ele adere às sandices de seu psicopata paradigma, o hoje arrependido Donald Trump, ao conceituar o vírus como reles “gripezinha” e travestir-se de garoto propaganda dos laboratórios fabricantes da hidroxicloroquina.

Preconceituoso, descontrolado, desprezando as medidas de precaução da saúde e notadamente provocador — haja vista seu inesperado comparecimento à cerimônia de transmissão do cargo da presidência do STF, causando visível mal-estar, constrangimento e temor de Suas Excelências que “pagaram um mico” inimaginável (o breve e sereno discurso que soara tal estrondosa bofetada, aquela que todos nós gostaríamos de ter desferido nos membros daquela duvidosa Corte —, o que mais depões contra a postura do capitão Bozo é, mesmo presidente, não dar ouvidos ao general, figura mais sensata, equilibrada, pés-no-chão e de fácil diálogo de seu governo, Hamilton Mourão.

Torço para que o Bozo ceda lugar a Jair Messias Bolsonaro dentro dos noventa minutos do tempo regulamentar. Tudo leva a crer não haverá os acréscimos, menos ainda o tão aspirado jogo de volta em 2022.

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