O sonho de Ícaro 3 – Jayme José de Oliveira

Podemos considerar que o voo solo de Charles Lindberg em maio de 1.927, foi o nascedouro da aviação civil. Ao atravessar o Atlântico sem escalas deixou patente que o avião tinha potencial para se tornar rentável para uso civil, da noite para o dia passou a atrair milhões de dólares em investimentos.

A companhia aérea mais antiga, que até hoje atua, é a KLM holandesa.

O impulso inicial, contudo, veio do governo dos Estados Unidos que em l.917 alocou     US$ 1,9 milhão para desenvolver uma linha postal experimental.

Henry Ford, em 1.927, lançou seu próprio avião, o Ford trimotor feito de duralumínio. Tinha 12 assentos e uma cabine suficientemente alta para se andar no corredor.

Os primitivos voos causavam enjoos por não serem as aeronaves pressurizadas, a primeira que usou essa técnica foi a Boeing, em 1.940.

Os anos 1.930 são tidos como os de maiores avanços na história da aviação. A refrigeração a ar dos motores (até então se usava água) reduziu o peso abrindo caminho para os grandes e velozes aviões com instrumentos sofisticados e comunicação por radiofrequência.

Foi nessa década que a Boeing lançou o que é considerado o primeiro avião moderno, o Boeing 247 com capacidade para 10 passageiros. Três anos depois a Douglas Aircraft Corporation lançou o DC-3, bem mais lucrativo, com capacidade para 21 passageirose motores mais potentes. Por permitir decolagens em pistas menores e ser uma aeronave extremamente segura, foi amplamente comercializada em todo o mundo.

O De Haviland Comet, ou simplesmente Comet de origem inglesa foi o primeiro avião comercial propulsionado por motores a jato fabricado no mundo. Inesperadamente, em 1.954 um Comet se desintegrou em pleno ar, matando seus 35 ocupantes. Os voos foram suspensos por algum tempo. Ao reiniciarem, uma segunda aeronave teve o mesmo destino. Cabe aqui uma explicação: até então os aviões voavam a baixas altitudes e onde a pressão atmosférica era semelhante à da superfície da terra e não se exigia pressurização. Como os jatos necessitam voar a grandes altitudes, a pressurização interna era imperativa, as consequências da diferença entre o exterior e interior não tinham sido previstas no projeto dos Comet e os aviões se transformaram em verdadeiras bombas voadoras. Bastava surgir uma rachadura para que se desintegrassem em pleno voo. Descobriram também que as janelas retangulares causavam pontos frágeis. A partir de então os aviões passaram a ter janelas redondas com propósito de aliviar a tensão e, consequentemente, diminuír o risco de fadiga metálica.

O Comet serviu de lição para que os projetistas planejassem aviões a jato mais confiáveis.

O que iniciara como um sonho desvairado na cabeça de Charles Lindberg se tornou um negócio capaz de movimentar US$ 700 bilhões por ano, transportando 3,5 bilhões de passageiros em 2.015, prevendo-se 3.7 bilhões em 2.016. A aviação civil gera 32 milhões de empregos.

Na próxima coluna abordaremos a aviação comercial moderna.

Dados para esta coluna foram pesquisados na revista Superinteressante, edição 363-A e no Google.

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Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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