Pacto pelo Rio Grande: convergência ou oportunismo?

Talvez se explique a desconfiança. Considerando o momento pré-eleitoral e que a proposta de pacto pelo Rio Grande partiu de um parlamento para o qual alguns já prognosticam renovação de 50% no próximo pleito, o projeto teria tudo para ser – embora equivocadamente- classificado como oportunista.

Contudo, conhecendo a motivação da proposta comandada pelo presidente Fernando Záchia – e a seriedade política do coordenador executivo do projeto – deputado Cézar Busatto – insistir nisso é pura má vontade. E mais, é ignorar a gravidade da questão. Mas, de fato, há um ruído no processo e ele decorre de uma condição de convergência obrigatória não estabelecida entre os agentes, sujeitos e atores interessados na solução da crise.

Portanto, a quem se possa atribuir honestidade de propósito, neste momento, não deve importar mais nada que não a solução, seja de curto, médio ou longo prazo. Do contrário, a suposição de oportunismo simplesmente troca de lado e deixa pensar que, antes de salvar o Estado, há quem apenas queira patentear a autoria de um projeto ou privilegiar segmentos. Isto posto, observe-se que há, neste momento, três propostas disputando espaço e prontas para serem trabalhadas de forma convergente: uma de caráter organizacional, denominada “Rumos 2015”, cuja vertente é a Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado.

Esta propõe um redesenho estrutural calcado em cenários atuais e projetados para o período em questão, sempre a partir de competências, vocações, realidades e características regionais.; outra, é a “Agenda Estratégica”, embasada em princípios econômicos e concebida no âmbito empresarial; e uma última, gerada no poder legislativo, que goza de maior visibilidade no momento, mas ainda discute e diagnostica causas e conseqüências, articulando o debate entre os segmentos e instâncias sociais. Não cabe, portanto, impugnar a providência da Assembléia Legislativa, por uma simples e inquestionável razão: a Casa do Povo é a instância adequada para promover a articulação de todos os segmentos sociais e legitimar, de uma vez por todas, o controle social sobre a gestão do estado.

A sociedade não pode mais ser chamada, toda vez que se apresenta uma perspectiva de caos, apenas para assumir um ônus que, de mais a mais, há muito já pesa sobre seus ombros. E para que se reponha os pressupostos democráticos onde o poder é exercido pelo e para o povo, já é mais que hora de esclarecer à cidadania, com todas as letras, que a situação do Estado não se resolverá a curto prazo e muito menos com ações viciadas e paliativas. Por mais penosa que seja, a recomposição é tarefa que exige mudanças radicais de paradigmas e estas só serão consistentes e legítimas, se discutidas sinceramente com todos os segmentos sociais.

A quem interessar, honesta e inteligentemente um Estado saudável, não caberá comportamento imediatista e eleitoreiro ou ação de maquiagem sócio-econômica movida apenas pela ameaça de risco ao próprio patrimônio. Ou seja: de cima para baixo, à revelia do povo e sem dor para agentes políticos e econômicos, nem pensar! E então se pergunta: já não é momento de praticar a divergência de forma madura e a convergência de forma construtiva, limpa e isenta? Portanto, estamos propondo uma caminhada corajosa, que seja longa, se necessário, mas que ao final se possa constatar um Estado com o exato peso das necessidades do cidadão, qualidade e agilidade proporcionais à contribuição de todos e de cada um.

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