Quo vadis - Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

Humanos têm seus medos e suas dúvidas os conduzem à vacilação ante perigos ou temores por consequências possíveis. Quem de nós nunca vacilou ante o risco de se ver imerso em situações de extremo risco, perder posições de relevo, a perspectiva da perda de bens duramente amealhados e mesmo a própria vida?

Personagens insignes, muitas, tiveram suas fraquezas. Grandeza é superar as tentações apesar das consequências possíveis e, se incorrermos em erro, termos a coragem de retornar ao rumo certo.  Lembro Pedro, apóstolo, a quem Jesus disse:

-“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; o que atares na terra será atado nos céus e o que desatares na terra será desatado nos céus” (Mateus 16:18-19).

Quo vadis - Jayme José de OliveiraPedro,contudo, desnudou sua fragilidade humana, negou seu Mestre três vezes depois que Ele foi preso no jardim Getsêmani. Mais tarde, fugindo de Roma e duma provável crucificação, o apóstolo Pedro encontra Jesus ressuscitado e pergunta:

-“Quo vadis”? (Para onde vais?)

Jesus responde:

-“Roman vadoiterumcrucifigi” (Vou a Roma para ser novamente crucificado). Pedro ganha coragem para continuar sua pregação e acaba mártir (Atos de Pedro, evangelho apócrifo).

Reparem no significado desses fatos: Pedro caiu, mas retornou revigorado e disposto a enfrentar o que surgisse pela frente. O martírio veio, mas a Igreja sobrepujou o Império e segue cada vez mais pujante.

O Brasil navega num mar encapelado e ameaça naufragar, cumpre à nós retomar o rumo perdido e não dar ouvidos às sereias que pretendem nos seduzir.

“As dificuldades políticas pelas quais passamos têm claros efeitos sobre a conjuntura econômica e vêm se agravando a cada dia. Precisamos resolvê-las respeitando dois pontos fundamentais: a Constituição e o bem-estar do povo. Mormente agora, com 14 milhões de desempregados no país, urge restabelecer a confiança entre os brasileiros para que o crescimento econômico seja restabelecido”. (Fernando Henrique Cardoso (Folha de São Paulo, 26/06/2.017).

O ex-presidente continua: “A operação Lava-Jato desnudou laços entre corrupção e vitórias eleitorais, bem como mostrou o enriquecimento pessoal de políticos”. “A justiça há de ser feita sem vinganças, mas também sem leniências com os interesses políticos”.

“Diferentemente de outras crises que vivemos, nesta não existe “um lado de cá” pronto para assumir o governo federal”.

Este é o ponto crucial: temos de varrer a sujeira do putrefato, não para baixo do tapete, para longe de tudo que lembre o passado ignominioso. Recomeçar procurando a higienização e, como a Igreja fez há 2.000 anos, assentar sobre rocha firme e desdenhar as areias movediças de antanho.

Não esqueçamos, contudo, a fragilidade humana, relembremos o evangelista Mateus: Disse-lhe Pedro:

-“Ainda que sejas para todos uma pedra de tropeço, nunca o serás para mim”. Declarou Jesus:

“Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás”.   Replicou-lhe Pedro:

-“Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei” (Mateus 26: 33-36).Todos os discípulos disseram o mesmo. Como nos relata a história, Pedro fraquejou ante a perspectiva do martírio nessa ocasião. Traiu seu Mestre. Posteriormente, dando-nos exemplo da possibilidade de recuperação de nossas fraquezas momentâneas, empreendeu a grande caminhada que conduziu a Igreja à pujança que hoje ostenta.

SAIR DO ATOLEIRO DEPENDE DE NÓS, APENAS DE NÓS. E DAS NOSSAS ESCOLHAS FUTURAS.

Jayme José de Oliveira

cdjaymejo@gmail.com

Cirurgião-dentista aposentado

 

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