Sangue sobre a América do Sul

As Farc ou Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são organizações político-militares baseadas no comunismo que buscam atingir o governo e sua ação no país. São contrárias à atuação norte-americana na Colômbia, a privatização, a expropriação de recursos naturais e grupos paramilitares, mantendo-se ilegalmente. As FARC são uma das mais capacitadas, equipadas e a mais antiga das forças insurgentes do continente sul-americano. Foi durante a realização da Conferência da Sétima Guerrilha, no ano de 1982, que a denominação Ejército del Pueblo ou Exército do Povo (EP) foi adicionada ao nome oficial do grupo fortemente armados já que são adeptos às ações diretas.

São comandados por Manuel Marulanda Vélez, conhecido também por Tirofijo, e estão espalhados por todo o território colombiano, ocupando cerca de 40% desse território. Criadas em 1964, objetivam resgatar os direitos das classes menos favorecidas, lutam pelos trabalhadores e excluídos da pátria buscando retirar do poderio estatal e governamental pessoas que promovem a corrupção, os vícios do poder e o desvio do dinheiro público bem como o mau uso dos mesmos.

Em muitos países as FARC são classificadas como organização terrorista. Mas ela se auto-proclamou uma organização político-militar marxista-leninista de inspiração bolivariana. As FARC dizem representar a população rural contra as classes abastadas e se opõem à influência do EUA na Colômbia. A organização argumenta que esses objetivos motivam os esforços do grupo pela tomada do poder na Colômbia através de uma revolução armada. Segundo o governo norte-americano, as FARC obtêm financiamento principalmente através de extorsões, seqüestros e tráfico de drogas. A maior parte dos combatentes e informantes das FARC são menores, estima-se que cerca de 20 a 30 por cento têm menos de 18 anos de idade.

Nos últimos meses, no entanto, vêm-se constatando significativa transigência e tolerância ao diálogo por parte dos líderes daquela organização. Não cabe, aqui, entrarmos na discussão de que essa disposição é resultante da flagrante decadência do outrora poderoso esquema militar da maior guerrilha latino-americana. Queiramos ou não, o folclórico arlequim venezuelano, Hugo Chávez, juntamente com organizações internacionais, vêm interagindo com o porta-voz dos guerrilheiros, Raúl Reyes, o que resultou na libertação de alguns célebres reféns.
Pois foi exatamente este porta-voz, o número 2 das FARC, que foi morto em bombardeio e deslocamento de tropas por terra.

O que se discute nessa manobra militar comandada(?) pelo presidente colombiano Álvaro Uribe foi o desrespeito para com a soberania territorial equatoriana, vez que parte do bombardeio se deu em solo do Equador. Será um prato cheio para Chávez colocar-se uma vez mais sob os holofotes. Sobretudo que o maldito dedo de George W. Busch encontra-se “enfiado” na maçã podre que foi lançada dos céus da América do Sul desde 2003, numa operação do exército colombiano contra o Bloco Oriental das FARC. Os helicópteros Black Hawk que levavam os soldados colombianos eram pilotados por americanos.

Há, presentemente, cerca de 1,2 mil “conselheiros militares|” dos EUA atuando em território colombiano. É indiscutível que essa manobra haverá de afetar a vida dos que ainda se mantêm sob o cativeiro dos rebeldes. A América do Sul verte suas lágrimas de sangue. Enquanto isso, Mister “Johnnie Walker” Busch degusta o seu malte 24 anos no Salão Oval, em Washington.

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