SAP: Tsunami do progresso

Talvez não se perceba, mas uma sociedade alicerça seu progresso através de seus valores. E não é o valor financeiro.

O conceito de valor aqui é a essência de princípios recebidos na educação básica. Aquela mesma que fica a cargo da classe de professores. Quem não tem uma boa lembrança daquela professora que o ensinou a ler, escrever e somar. Recorde aquela música ensinada em sala de aula, ou uma brincadeira de roda. Não é tão difícil puxar pela memória. Afinal, lembranças todos temos.

O que hoje esquecemos é de exercer os mesmos princípios recebidos na época de crianças. Época que não se distinguia raças, crenças e o princípio de vida e morte eram irrelevantes.

Exemplificando algumas coisas que são ensinadas quando criança, lembro das tais filas de entrada e no término dos recreios que hoje não parecem existir mais. Na realidade o que nos ensinavam as filas? Elas são o nosso primeiro conceito de organização social, pois geralmente os menores vinham na frente, em uma coluna de meninos e outra de meninos. No tempo que fui estudante do período fundamental de 1982 a 1990, pelo menos uma vez por semana existia algo chamado hora cívica.

O civismo que leva as revoluções sociais, trabalhistas ou progressistas vem sendo velado, esquecido ou deturpado.Nesta minha época na hora cívica era cantado o Hino Nacional, o do Rio Grande do Sul e o de nosso município. Provavelmente por minha tenra idade, deveria parecer como algo sem muito sentido.

Mas graças a isto, primeiro sei os três hinos completos, e se não bastasse, cada vez que participo de uma solenidade com a execução dos mesmos, me recordo deste período de minha infância. Entendendo com mais profundidade a importância de ser Brasileiro, Gaúcho, Patrulhense. Não simplesmente cantar os hinos, mas sim refletir a história que transmite a letra de cada um deles.

Não vou analisar a imponência do Hino Nacional, ou a energia do hino Riograndense, mas a estrofe do hino Patrulhense que nos diz; “Esperança de um povo de futuro promissor.”

Todos ouvimos dizer que as crianças são o futuro de nossa nação. Então, porque elas não são preparadas para tal. Educadas de forma que possam assumir esta responsabilidade.

Em São Paulo, antes de qualquer evento público é obrigatória a execução do hino Nacional. Sugiro a nossos vereadores que entendam a importância disto e criem uma lei Municipal de vital necessidade cívica. Educar Jovens e adultos a serem patriotas e amarem sua bandeira e seu hino não é vergonhoso e não creio que afrontariam o cidadão. Parece tolo e ingênuo. Mas isto faz parte de uma boa educação cívica esquecida.

O cidadão precisa estar informado e buscar informações, cobrar e fiscalizar tanto o executivo, como o legislativo. Aprendi que nossa vida funciona em ciclos, que em geral são de quatro anos. O próximo ciclo inicia ano que vem.

Sou um pouco saudosista sim. Afinal sou da época que telefone fixo era raro e o meio melhor para manter contato com as pessoas, chamava-se carta, aquilo entregue pelos correios e telégrafos. Pois a avó do e-mail está aposentada. É uma pena que os mais jovens não tenham o prazer e satisfação de receber uma carta em sua porta. Nos nossos dias, com as ferramentas de comunicação instantânea como Messenger, de localização de pessoas como Orkut e de busca de informação e banco de dados da forma que operamos o Google, nossa vida se acelera em um ritmo desenfreado. Os conceitos de sociedade e família se transformam. Você se sente preparado ou inserido neste processo?

Parece que precisamos rever nossos conceitos constantemente, imagine para uma pessoa com mais de sessenta anos, viver neste mundo digital.

Mas existe um problema. Estas pessoas com mais de sessenta anos são as mesmas que coordenam a sociedade, através da política. São coordenados porque os jovens não querem assumir seu papel neste universo. E você sabe em que momento iniciou o processo de neutralização das lideranças jovens?

Foi com o período da ditadura, lá pelo século passado, nos anos de 1965 com o golpe militar e os atos institucionais. Se nós jovens podemos nos reunir, debater, cobrar, enfrentar, sem o medo de ser cassados pelo Doi-codi ou exilados de nosso país, o que nos impede?

Ou será que ainda existe a ditadura e o coronelismo por aqui?

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