Solidariedade às famílias - Jayme José de OliveiraAo prestar solidariedade às famílias que perderam entes queridos para o COVID-19, Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) avaliou o impacto negativo de discussões políticas em meio à epidemia. “A situação do país torna-se ainda mais grave diante de posturas autoritárias que afrontam as determinações científicas e negam a autenticidade de pesquisas sérias organizadas por organismos responsáveis”.

O resultado de um estudo publicado pela revista científica do Reino Unido “The Lancet” sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento do COVID-19 deve ser considerado importante para dirimir dúvidas. Dados coletados em 671 hospitais de seis continentes, em 96.032 pacientes, entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020 revelam índices perturbadores:

81.144 do grupo de controle não receberam esses medicamentos, houve 9,3% de mortes;1.868 receberam apenas cloroquina:16,4% de mortes;3.783 receberam cloroquinacom macrolídio (azitromicina):22,2% de mortes;3.016 receberam hidroxicloroquina: 18% de mortes;6.221 receberam hidroxicloroquina com macrolídio (azitromicina): 23,8% de mortes.

O risco de arritmia ventricular com o grupo de controle foi de 0,3%;com cloroquina sozinha: 4,3%; com cloroquina associada à azitromicina: 6,5%; com hidroxicloroquina sozinha: 6,1%; com hidroxicloroquina associada à azitromicina: 8,1%.

Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre considera este tratamento uma miragem.                                                                                                                           Para o professor de Epidemiologia da UFRGS, Jair Ferreira, o uso dos medicamentos faz mal a pacientes já hospitalizados, porém não é conclusivo quanto ao seu uso precoce.                                                O professor de Infectologia da UFRGS, Alexandre Zavascki, acredita que o estudo é forte o suficiente para que o uso se restrinja a ambientes de pesquisas, com ressalvas. Com o que dispomos hoje já temos embasamento para não indicar a cloroquina para nenhum paciente. Com o medicamento o número de pacientes com arritmia foi muito maior, só que eles estavam internados e as arritmias foram controladas. Se eles não estivessem dentro de um hospital, morreriam.

A restrição de locomoção para dificultar a expansão do coronavírus decretada por alguns prefeitos e governadores não fere preceitos constitucionais. É inegável que a própria Constituição autoriza, seja administrativamente ou do ponto de vista mais radical, se houver necessidade, restrições ao direito de ir e vir.

“As pessoas não estão sendo tolhidas do direito de ir e vir. As pessoas devem respeitar a saúde de toda a coletividade. Se você for colocar em risco a saúde de toa a coletividade, é você quem está infringindo a lei” (Alexandre Moraes, Ministro do STF).

Apesarde estudos realizados em ambientes cientificamente controlados, o presidente Jair Bolsonaro insiste enfaticamente em exigir que o Ministério da Saúde determine o uso indiscriminado dos dois fármacos, tendo inclusive demitido os Ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich que resistiam a esta determinação.
O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para informar sobre a nova orientação do Ministério da Saúde para incluir o uso da cloroquina no tratamento de casos leves da COVID-19, mas admitiu que o uso do medicamento ainda não tem comprovação científica.

“Ainda não existe comprovação científica, mas [está] sendo monitorada e usada no Brasil e no mundo.Contudo, estamos em guerra: ‘Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado’, escreveu o presidente.

Nosso reconhecimento e gratidão aos brasileiros conscientes que permanecem em quarentena para não se contaminarem e, por conseguinte, servirem de vetores para a propagação da pandemia para os heróis anônimos que enfrentam estoicamente o vírus em seus locais de trabalho e arriscam suas vidas exercendo atividades que não podem ser descuradas.

O impacto das declarações do ex-presidente Lula, que aconteceram durante uma entrevista por videoconferência ao jornalista Mino Carta, da revista “Carta Capital”, exorbitam o concebível.         O ex-presidente celebrou a aparição do novo coronavírus para mostrar a necessidade de uma maior presença do Estado. “Quando vejo essas pessoas acharem bonito que ‘tem que vender tudo o que é público’, que o ‘público não presta nada’, ainda bem que a natureza contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado é que pode resolver isso”, disse Lula– Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2020/05/20/ainda-bem-que-o-monstro-do-coronavirus-apareceu-diz-lula.htm?cmpid=copiaecola.

Para atacar, e nisso tem razão, as aleivosias do seu inimigo político, Lula não tem pejo de se regozijar com uma pandemia mundial que já sacrificou, até o momento que redijo esta coluna,360.860 pessoas no mundo (28.077 no Brasil). As famílias dessas vítimas não compartilham a alegria do ex-presidente. O pedido de desculpas feito após se dar conta da enormidade do absurdo não servirá jamais de consolo.

Repiso, líderes não têm o direito de agir de maneira tão estapafúrdia, insensata.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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