Tramandaí: reunião garante maior interação entre veranistas e Brigada Militar

JpegTemendo que se ampliem os casos de assaltos à mão armada nos balneários de Tramandaí, veranistas de Jardim Atlântico e Jardim do Éden reuniram-se na manhã de sábado para reivindicar maior segurança às autoridades municipais.

A partir de uma solicitação da Sociedade Amigos de Jardim do Éden, estiveram no encontro os secretários de Obras, Antônio Rodrigues, de Segurança, Álvaro Butelli, e Distrital da Zona Sul, Renildo Chagas, além do presidente do Consepro da Zona Sul, Carlos Garcia, e do capitão da Brigada Militar, Heraldo Leandro dos Santos.

Enquadrando os balneários como pequenos paraísos, Jorge Süffert, familiar de Alexandre Bueno, que morreu na semana passada depois de ter sido baleado num assalto na Rua Bem Me Quer, em Jardim Atlântico, declarou que as situações de insegurança vêm crescendo na região.

“Qualquer um de vocês  pode estar jogando cartas na sua casa, que pode ter uma grade, se o portão não está fechado, a pessoa entra pelo portão, se o portão está fechado, o cara salta, passa pela grade como a gente caminha. Então, qualquer um de nós, a partir de agora, vai ser objeto de assalto à mão armada se a gente não fizer alguma coisa, não podemos aceitar não fazer nada”, ressalta Süffert.

Insegurança e interação

Ao longo da reunião, os veranistas pediram providências da prefeitura com relação a uma área invadida, chamada de Portelinha, cuja ocupação tem gerado muita insegurança aos veranistas. Segundo o secretário de Obras, Antônio Rodrigues, a prefeitura já tomou as providências que poderia, restando agora os proprietários da área e o Poder Judiciário fazerem sua parte.

Uma das medidas de prevenção adotadas no encontro foi a formação de um grupo de mensagens instantâneas (Whatsapp) integrado pelos veranistas e o comandante da Brigada Militar, buscando assim a maior interação entre a comunidade e órgão de segurança.

Abaixo, o texto enviado pela esposa de Alexandre Bueno, Cristiane Cordal, que foi lido durante a reunião:

“Hoje está acontecendo uma reunião para lidar com a situação da segurança nas praias de Jardim do Éden e Jardim Atlântico. Não tenho como ir, mas tenho alguns pontos que gostaria muito que entrassem na pauta:

Vulnerabilidade e violência andam juntas. Temos medidas urgentes a serem tomadas, mas que na realidade são paliativas à situação geral de médio e longo prazo, ambas necessárias para estabelecermos uma melhor condição para moradores e veranistas. Temos um Estado – Estado aqui se refere ao poder público que pode ser nacional, estadual ou mesmo municipal – com poucos recursos financeiros e de recursos humanos: policiamento, educadores, saúde, todos entram neste mesmo pacote de escassez. Não ignorando esta premissa, ao meu entender, é necessário:

1. Mais policiamento na área – curto prazo – é paliativa na contenção de violência por coerção.

2. Criar e manter de forma permanente recursos sociais que apoiem famílias que habitam esta parte de Tramandaí. Uma UBS que funcione, escolas profissionalizantes, postos de trabalho, apoio à comunidade vulnerável – médio e longo prazo – efetiva na contenção da violência por apresentar recursos sustentáveis a estas comunidades.

Justificativa: há vilas que vêm crescendo de forma desorganizada. Loteamentos que, não tenho informação e é mera suposição, são adquiridos de forma irregular ou baratos para a população com menos recursos, fazendo um atrativo local para pessoas, famílias, com menos recursos financeiros, educacionais, etc. Essa população não tem como se manter durante dez meses do ano, falta de postos de trabalho, para que possam manter com dignidade suas famílias. Durante  dois meses ao ano, nós, veranistas, invadimos o território que eles ocupam durante todo o ano e exibimos nossas famílias perfeitas, recursos que possuímos, enquanto eles vivem na escassez. Este cenário incita a revolta, evidencia a injustiça e gera violência, principalmente nos jovens que vivem cercados no ter e do ser, por encontrarem-se em local de tão parcos recursos.

Me proponho em um momento mais propício às necessidades pessoais, a ajudar e a implantar projetos sociais que diminuam a condição de vulnerabilidade nas comunidades mais carentes. Trabalhei na humanização, respeito a restauração da dignidade da pessoa humana em comunidades vulneráveis e violentas como Campo Limpo, em São Paulo, e sei que essas medidas podem diminuir consideravelmente a violência que acomete a população como um todo. Violência é muitas vezes a resposta da população à situações onde a dignidade foi cerceada e a única ferramenta com que a comunidade tem para lidar com a violência sofrida diariamente do Estado pela sua negligência  e as suas necessidades mais básicas. A violência é de mão dupla e eu não gosto de ser mais uma agente desta mão.”

Mariana Halmel

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