Um brinde à vida – Sergio Agra

UM BRINDE À VIDA

Intelectual não vai à praia.

Intelectual bebe.

Nesta sexta-feira, 28 de agosto, ainda trago a dúvida de que se esta data se presta às justas libações de mais uma efeméride computada pelo Calendário Gregoriano de minha presença neste tão dizimado planeta, se 2020 deva ou não ser contabilizado como um ano a mais no meu currículum vitae?

Noves fora para o Covid-19 ou para o infeliz que entendera ser chiquetésimoingerir uma sopa de morcego num restaurante capitalista da cidade de Wuhan, de governo comunista, e espalhar no orbe o maldito vírus “meide in chaina”,que essa pandemia tenha a pretensão (três batidas na madeira) tocar a campainha, arrombar minha porta.Pra ela não tem ninguém em casa!Já estou na coluna dos lucros auferidos pela Caderneta de Poupança da Saúde, ainda que sempre tenha sido um entusiástico adorador do sedentarismo e do ócio criativo, isto é, do processo por meio do qual pude ser capaz de experimentar a riqueza gerada pelo trabalho, o conhecimento proporcionado pela literatura, pela escrita criativa e pela alegria propiciada pelo lazer, que ao fim e ao cabo é isso tudo.

Assim, a convite do Diretor/Editor Rogério Bernardes, dei vazão aos meus atrevimentos literários assinando uma coluna originariamente denominada Notas Dissonantes, aqui neste Litoralmania. Estreia: 28 de agosto de 2007.

A data 28 de agosto ganhou o caráter de “amuleto”. Mar da Serenidade, meu primeiro pequeno romance, mais para o gênero novela literária, foi lançado no dia 28 de agosto de 2010, no Pub dos Esportes, no Shopping das Fábricas, na antiga cervejaria da Brahma, em Porto Alegre. Seguiram-se naquele mesmo ano as sessões de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre, de Capão da Canoa, de Osório, de Tramandaí e de Santa Cruz do Sul.

Em 28 de agosto de 2012, na Livraria Cultura, no Bourbon Country, fora a vez do livro de crônicas O Corpo de Gioconda, que de igual forma percorreu os mesmos caminhos dos da obra anterior.

Naquela ocasião o poeta Dilan Camargo, então apresentador do Programa Autores & Livro, abriu espaço para uma entrevista onde narrei meu início e a trajetória de diletante e eterno aprendiz de escrevinhador (veja vídeos abaixo).

Em novembro de 2014 decidi conceder-me um período sabático de Litoralmania para dedicar à escrita de Balada para um Andarilho 1964–1984 Quem está falando a verdade?, retornando a Litoralmania em janeiro de 2019 quando a trama e a estrutura do romance já estavam concluídas, faltando-lhe tão somente os necessários arremates e a fundamental revisão ortográfica de uma obra que infelizmente será ad perpetum inédita.

Nos treze anos se neles incluir o período sabático assinei em torno de setecentos e oitenta colunas neste inoxidável, aprazível, polêmico e contraditório, mas jamais antidemocrático espaço de Litoralmania, daí porque, ignorando a validade ou não de 2020, as sobejas razões para as libações.

Foram muitas, na grande maioria, as críticas elogiosas; outras tantas, com sólidas e fundamentadas argumentações, contestando meu pensamento.A polêmica e o contraditório sempre me aprazeram.Por fim, como não poderiam delas prescindir, os radicais de direita e de esquerda com os rançosos e mumificados discursos e gritos de ordem que se resumiam em apenas ofender o articulista, sem qualquer sustentação fática. Não obstante, longe de mim a brucutulândia, lhes retruquei ameaçando “dar porradas na cara de cada um”. Afinal, onde ficaria o direito de manifestação do livre pensamento?

Por todas estas razões, que mesmo o trevoso tempo de pandemia não esmorece, e para matar as saudades dos lançamentos de meus livros, do longo tempo de gestação do “natimorto” Balada para um Andarilho, das crônicas, poemas e contos aqui escritos e editados e para fortalecer meu espírito com a certeza de que, como dizia Chico Xavier, “Tudo passa!”, neste 28 de agosto, dia de gratidão ao Pai Maior, ergo a taça do mais generoso tinto e brindo à Vida!

Libiamo, libiamone’lieticaliciladonna
Libiamo, libiamone’lieticalicichelabellezainfiora.
E lafuggevol ora s’inebrii a voluttà.
Libiamone’dolcifremiti
Che suscita l’amore,
Poichéquell’ochio al core
Omnipotente va.
*

*Vvamos beber, vamos beber das alegres cálices, a mulher, que beleza tão verdadeiramente aumenta.
E no momento em breve será embriagado com volúpia.
Vamos beber para a sensação de êxtase
que o amor desperta. (Ária Brindisi, da Ópera La Traviatta, de Verdi

Entrevista no Autores e Livros

Entrevista no autores e livros parte 01

Publicado por Sérgio Agra em Segunda-feira, 27 de junho de 2016

Entrevista no autores e livros parte 02

Entrevista no autores e livros parte 02

Publicado por Sérgio Agra em Terça-feira, 28 de junho de 2016

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