Uma família singular! – Erner Machado

Erner Machado

UMA FAMÍLIA SINGULAR!

Hoje, pela manhã, vindo de Capão da Canoa, para Capão Novo, pela Estrada do Mar, com minha irmã e com minha cunhada, fui chamado à atenção, por esta, para uma fila de Aves que, tranquilamente, atravessa a Estrada, no sentido da serra ao mar.

Ao desviar ao carro para deixá-los passar, pude ver que se tratava de uma família de Marrecas que tinha, a frente a frágil, mas, segura, corajosa, e destemida figura de uma Mãe que abria caminho na travessia desconhecida.

Na composição do meio da fila, depois da mãe, iam 6 filhos ou filhas que a seguiam, como que colados uns aos outros, e todos, colados à mãe.

Na retaguarda, com uma certa distância do último filhote, estava a corpulenta, mas ágil figura do Pai, que de Cabeça erguida e passos firmes mantinha segura a caminhada de todos os participantes.

De passo a passo o pai, olhava para os lados e para frente como para prevenir qualquer evento que pudesse colocar em perigo a vida da sua família.

Depois que eu desviei o carro, para deixá-los passar, todos os carros que vinham, após o meu, pararam imediatamente e muitos motoristas abriram as portas e desceram para melhor contemplar o espetáculo singular que se apresentava à sua frente em uma manhã de segunda feira.

E assim com a estrada livre a família toda entrou no banhado do lado do mar.

O pai foi último que entrou e ao fazê-lo parou no acostamento e olhou para todos lados para se certificar que o perigo tinha passado e que, livres e em segurança, encontraram os seus destinos.

Ainda parado no acostamento o pai, certamente, ouviu os aplausos dos motoristas dirigidos aquela mãe e aquele pai, pela coragem da travessia e pelo cuidado com seus filhos.

Ao ligar o carro e retomar o meu caminho, foi impossível não ficar em extremo silencio e pensar nos milhares e milhares de seres humanos, pais e mães, que abandonam seus filhos nas estradas desconhecidas da vida, expondo-os assim a todos perigos a que estão sujeitos dado à inexperiência de caminhantes e às suas fragilidades de crianças.

Nos milhares e milhares de famílias que se desestruturam, pelos mais variados motivos e, assim, destruídas perdem a condição e capacidade de caminharem à frente de seus filhos protegendo-os, e ensinando-lhes…

Nos milhares e milhares de filhos e filhas que, por influencias de uma cultura exótica, não respeitam mais seus pais e suas mães e se recusam a vê-los como autoridades legitimas capazes de lhes fazer pessoas do bem, homens e mulheres possuidores de dignidade e de conduta que, em função disto, possam ser tidos como cidadãos e cidadãs de primeira categoria.

Nos milhares e Milhares de pais que, matam mães de famílias, tirando dos filhos, as suas mães e, com isto destruindo seus vínculos afetivos mais importantes.

Fico pensando nas estranhas relações que, hoje, regulam a vida, a conduta, a manutenção e o futuro das famílias de meu pais e do mundo.

Fico pensando nos milhares e milhares de crianças que os pais perdem para as drogas, para o álcool, para a prostituição infantil, para a criminalidade e que, em razão disto, e se transformam em matadores ou são mortos, não podendo atravessar com segurança a estrada da vida.

Chego em casa e sou desperto do meu transe quando tenho que apertar o controle remoto para abrir o portão…

Ao descer do carro fico pensando nas imensas lições e nos singulares ensinamentos que podem nos ministrar uma família de Marrecas, atravessando uma estrada.

Para meu consolo existencial tenho certeza que existem, ainda, milhares e milhares de pais e mães no meu país e no mundo que cuidam de seus filhos da mesma maneira que o Casal de Marrecas, atravessando, a estrada cuida e protege os seus marrequinhos…. e, isto me dá uma esperança de que temos uma saída como Seres Humanos e como Famílias.

Finalmente, peço a Deus que dê existência longa ao Papai a Mamãe e aos Marrequinhos para que não sejam alvos de alguma bala partida da arma de algum caçador que não entende de Estradas, de vida e de marrecos…

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