A luz no fim do túnel – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Desde a mais remota antiguidade a ciência médica se dedica a combater as doenças e o faz de diversas maneiras. Um dos esteios consiste em aparelhar o organismo para resistir aos ataques patogênicos, sejam quais forem, de maneira que recupere a saúde.
Mitrídates VI, rei do Ponto, Anatólia (120 a.C. – 63 a.C.) viu seu pai ser envenenado num banquete. Temeroso de ser a próxima vítima procurou se imunizar tomando doses crescentes (mas nunca letais) dos venenos conhecidos, até ser capaz de tolerar doses mortais.

Na medicina este procedimento é conhecido como mitridatismo, base das vacinas e soros. Ressaltemos: vacinas e soros combatem agressões de micro-organismose patógenos, partindo do mesmo princípio, porém, são distintos tanto no efeito como na época de aplicação.

VACINAS – Para provocar a imunização os micro-organismos são atenuados (há diversas técnicas para tanto) de maneira a não provocarem doenças e ensinarem o organismo a resistir através do mitridatismo. As vacinas são aplicadas no organismo ANTES de ser exposto ao patógeno e leva algum tempo para produzir os anticorpos (ao redor de 20-30 dias) e se tornar efetivo. NÃO SÃO USADAS PARA TRATAMENTO, apenas como preventivo específico.

SOROS – O princípio é similar, porém, o antígeno que provoca a reação orgânica, é aplicado em doses crescentes num animal intermediário (geralmente um cavalo) até que se torne imune e resistente. Soros não possuem poder de prevenção, apenas esperança de cura. O produto a ser aplicado em nosso organismo contém anticorpos, não sendo necessária a produção pelo infectado, o que demandaria um tempo excessivo. Em virtude dessa característica, dizemos que se trata de uma imunização passiva.

Para a produção de soro é necessária a intermediação de outro animal, sendo o cavalo o preferido. Inocula-se o antígeno no animal, após alguns dias são retirados alguns litros de sangue e separa-se o plasma que será purificado. Esse plasma contém os anticorpos. Depois do processo o material é levado para o controle de qualidade e, depois de certificado pela Anvisa, está pronto para o uso. As hemácias não utilizadas são devolvidas ao animal.

Os soros tanto podem ser usados para combater os efeitos de venenos e peçonhas (como o soro antiofídico, contra os efeitos das peçonhas de serpentes) como para uso contra micro-organismos (tétano, gripe, tuberculose, etc.).

Este prolegômeno para reverberar o título da coluna: A LUZ NO FIM DO TÚNEL. Nos traz alento e escorraça o turbilhão que nos atinge há um ano. Ressaltamos enfaticamente que podemos enfrentar calamidades com soros e vacinas. Vacinas como prevenção e soros como terapêutica, após instalada a doença. Cloroquina tinha a pretensão de atuas nos dois setores, como preventiva e como curativa. CÁSPITE!

A ciência vem em socorro, é confiável, ao contrário dos fármacos inadequados, benzeduras e água-benta.
Nossos cientistas conseguem mais um feito que, se aprovado, nos projetará mundialmente:
BUTANTAN ENVIA À ANVISA PEDIDO PARA TESTAR SORO ANTI-COVID EM HUMANOS

Soro deve amenizar sintomas
Instituto tem 3 mil frascos prontos
Estima autorização na próxima semana

A luz no fim do túnel - Jayme José de Oliveira

O Instituto Butantan enviou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedido de autorização para realizar um estudo clínico (testes em humanos) de soro desenvolvido pelo instituto para o tratamento da covid-19.

A Anvisa recebeu o pedido na 3ª feira, 2 de março. Segundo a agência, os documentos já estão em análise, a expectativa é de que os testes sejam autorizados pela agência na próxima semana. O objetivo da pesquisa é verificar a segurança e a eficácia do soro em pacientes infectados com o novo coronavírus. O Butantan já produziu 3.000 frascos do material, que estão prontos para ser usados.O soro tem grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela covid-19.

Feito em parceira com a Universidade de São Paulo, os estudos clínicos do soro estão sendo conduzidos pelo infectologista Esper Kallás, da USP, e pelo nefrologista José Medina, integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus do governo estadual.

Em teste com ratos infectados pelo vírus vivo, o soro conseguiu diminuir a carga viral e a inflamação, os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar.

Após a aprovação da Anvisa para o início dos testes em humanos, caso apresente a eficácia esperada, o soro poderá ser usado para tratar pacientes infectados com sintomas, visando bloquear o avanço da doença. O soro é feito a partir de um vírus inativado por radiação, em colaboração com o IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e aplicado em cavalos que produzem anticorpos do tipo IgG, extraídos do sangue e purificados com uma técnica usada há décadas no Butantan.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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