Breves poemas breves – Sérgio Agra

Sergio Agra

BREVES POEMAS BREVES
Da série Meus Poemas Satânicos e Meus Haikais Transgressores

Sob os céus do outono

Céu de brigadeiro nas tardes de outono.
As mãos cheirando a livro abrem bergamotas de poesia.
O leitor veste o pijama da monotonia,
dá um bocejo e cai no sono…

O escritor, o tempo e o vento

Para o leitor,
ociosamente,
dono único de seu tempo,
tudo o mais é prolixo.
O escritor
solenemente
lança palavras ao vento
e ao lixo.

“Brasil, ame-o ou deixe-o!”.
Por mais que isso me doa,
vou-me embora pra Lisboa!

CPI da COVID-19, reles bataclã,
em que nordestinos hão de reinar:
Alencar, Nogueira, Jereissati e Renan.

Na Papuda
os coiotes do Congresso
vão ter cama polpuda?

Deus ordenou: “Fiat Lux!”
O ministro Fachin contestou:
“Já me basta o Luiz Fux!”.

Chora a pequena Diamantino
pelo filho Gilmar Mendes,
do Supremo o michêcaborino.

Filhos? Sim, havemos de tê-los,
ainda que, desprevenidos,
arranquem-nos os cabelos.

 

 

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Breves Poemas Breves – Sergio Agra

Breves Poemas Breves - Sergio Agra
Sergio Agra.

Breves Poemas Breves

 

 Sob os céus do outono

 Céu de brigadeiro nas tardes de outono.

As mãos cheirando a livro abrem bergamotasde poesia.

O leitor veste o pijama da monotonia,

dá um bocejo e cai no sono…

 

 O escritor, o tempo e o vento

 Para o leitor,

Ociosamente,

dono único de seu tempo,

tudo o mais é prolixo.

O escritor,

solenemente,

lança palavras ao vento

e ao lixo.

 

Academia dos “poetas” alienados

Com extremada inveja e mau gosto

os confrades incineraram sua poesia

imaginando lhe causarem

irreversível desgosto.

Dedos em riste,

o baniram da Academia:

Vade retro, dissidente,

cega-noso teu esplendor fulgente!

A luz primeira do amanhecer abissal

desvela o poeta adormecido sobre jardins

de virginais crisântemos carmesins,

o peito aureolado por um punhal.

Na Academia, impunidos,

os estultos libristas se comprazem

com o imponderado carpe diem…

 

Tenho saudades de você,…

… da maciez de suas mãos, Eurídice,

explorando o meu corpo inteiro, insaciável  leoa.

… do seu olhar tão fagueiro, Berenice,

das nossas tardes à toa.

… de sua candura, Candice,

sussurrando segredos do seu coração.

… de seus beijos ardentes, Analice,

no desvario de irrefreável paixão.

… do seu olhar de cigana, Janice,

oblíquo e perscrutador.

… da suavidade do seu nome, Alice,

do Universo o mais arrebatador.

Tenho saudades de vocês,

dos meus desejos, a seu tempo,

que sequer Parvati ou Afrodite,

deusas do sexo, da beleza e do amor,

injungiram-me prometimento.

Somente de ti, amarga e vingativa Judite,

tua imagem carrego no pensamento,

rogando aos deuses minha absolvição

das sombras de tua maldição:

Otite, Conjuntivite, Sinusite, Rinite,

Labirintite, Artrite, Tendinite,

Amigdalite, Apendicite.

Para ti, Judite,calculada dinamite,

nem mesmo o inferno é o limite.

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